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Greve na fábrica Alassola em Benguela


Grevistas à porta da
Grevistas à porta da

A caminho do segundo mês sem salários, os 172 trabalhadores da fábrica têxtil ‘’Alassola’’, na província angolana de Benguela, decidiram paralisar a produção de fios de algodão, num protesto extensivo ao que dizem ser outros actos de violações de direitos laborais atribuídos ao Conselho de Administração.

Reunidos à porta da fábrica nesta terça-feira, 26, três dias após o arranque da greve, jovens operários e funcionários administrativos denunciaram ameaças de despedimentos, discriminação em relação a expatriados e trabalho sem gozo de férias e segurança social.

Reinaugurada em Novembro de 2016, a antiga África Têxtil está a exportar, preferencialmente para Portugal, mas é, conforme alegam os funcionários, irregular no pagamento de salários.

‘’Estamos a produzir, até a exportar, mas o Conselho de Administração diz que não tem dinheiro para nos pagar”, disse um dos grevistas.

“ É um descontentamento generalizado, por isso ninguém entra para trabalhar. Há colegas, do Lobito e da Baía Farta, que nem sequer têm dinheiro para transportes’’, disseram trabalhadores.

Dos atrasos salariais a outras violações de direitos, surgem denúncias de discriminação, não renovação de contratos, trabalho sem férias e proibição de criação de uma comissão sindical, pela qual passaria o expediente para uma greve dentro dos marcos da lei.

’Não nos deixam criar comissão sindical, ameaçam com despedimentos, assim como não temos cartões da Segurança Social, mas estamos a descontar, e também estamos sem férias’’,disseram .

O presidente do Conselho de Administração do grupo empresarial ‘’Alassola’’, Tambwe Roberto Mukaz, assegura, sem entrevista gravada, que a direcção da fábrica trabalha para o pagamento dos salários, mas nega práticas como as que são denunciadas.

A unidade volta a produzir quase trinta anos após a falência que empurrou para o desemprego 400 operários, ainda hoje à espera de indemnizações.

É uma das três fábricas (as outras estão em Luanda e no Kwanza Norte) que o Governo angolano entregou a operadores privados para uma gestão sustentada, na sequência de um bilionário investimento de uma linha de crédito do Japão.

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