O Governo empossado pelo Presidente guineense José Mário Vaz, liderado pelo primeiro-ministro Faustino Imbali, acusa a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) de ingerência nos assuntos internos da Guiné-Bissau e garante que o novo Executivo não pretende atrasar a eleição presidencial de 24 de Novembro.
"A missão da CEDEAO, ao ser recebida por um primeiro-ministro demitido, violou gravemente a Constituição na República da Guiné-Bissau e ingeriu-se nos assuntos internos de um Estado-membro, ao desafiar as decisões do chefe de Estado da República da Guiné-Bissau", lê-se no comunicado assinado pelo ministro de Estado Jorge Fernandes Mandinga.
Na nota divulgada no domingo à noite, 3, Mandinga apela à CEDEAO para uma "correcção imediata da abordagem dos membros da sua missão ministerial de seguimento no sentido de uma estrita observância do Tratado da CEDEAO e dos procedimentos constantes do seu quadro legal", visando "evitar eventuais amálgamas e sentimentos de revolta da população da Guiné-Bissau" em relação à organização regional.
Ainda de acordo com o Executivo de Embali, “as eleições presidenciais serão realizadas na data prevista, pela Comissão Nacional de Eleições e não pela secretaria de Estado da Gestão Eleitoral".
A posição do Governo de Faustino Imbali surge horas depois da missão da CEDEAO que visitou Bissau no sábado e domingo ter reiteradoo seu apoio ao Governo demitido por José Mário Vaz.
“A missão reafirma o seu apoio pleno ao primeiro-ministro, Aristides Gomes, que viu o seu programa do Governo aprovado na Assembleia Nacional Popular a 15 de Outubro, confirmando assim a confiança e o apoio do Parlamento ao Governo”, anunciou o presidente da comissão da CEDEAO, Jean Kassi Brou, ao ler o comunicado final da missão de pouco mais de um dia ao país.
A CEDEAO vai mais longe e no ponto sete do documento ameaça impor sanções individuais a quem tentar perturbar o processo eleitoral que organização encoraja as autoridades a irem até ao fim.
PR posiciona-se
Entretanto, também ontem, o Presidente José Mário Vaz disse em Pitche, Gabu, onde esteve em campanha eleitoral, que vai convocar uma reunião do Conselho de Defesa Nacional para analisar a situação e reiterou que a decisão de exonerar o Governo liderado por Aristides Gomes é “irreversível”.
“Posso garantir-vos que a minha decisão de exonerar o Governo é irreversível. O meu decreto não irá por água abaixo. Já não havia condições de coabitação entre o Presidente e o primeiro-ministro demitido”, revelou Vaz, acrescentando que Gomes “nem sequer vinha para os encontros oficiais comigo”.
A situação no país é confusa com dois governos a reclamarem a liderança do Executivo, ao mesmo tempo que decorrer a campanha eletoral para a eleição presidencial do dia 24.