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Governo angolano diz ter encontrado ossadas de dissidentes mortos pela UNITA


Jonas Savimbi - Vítimas terão sido mortas em 2000 durante a sua presidência
Jonas Savimbi - Vítimas terão sido mortas em 2000 durante a sua presidência

Galo Negro protesta e acusa MPLA de violar os princípios da reconciliação. Partido reconhece que as ossadas poderão ser de vítimas de "conflictos internos"

A UNITA, maior partido da oposição angolana, manifestou preocupação com o que disse ser “um desvio deliberado” dos propósitos que estiveram na base da criação da Comissão para a Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (Civicop).

Isto após as autoridades dizerem ter encontrado as ossadas de várias personalidades da UNITA que terão sido mortas a mando do fundador e presidente da UNITA, Jonas Savimbi.

Num comunicado, o Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA refere que tomou conhecimento por via de uma reportagem difundida pela Televisão Pública de Angola, sobre a descoberta de ossadas, “que alegadamente pertencem a antigos dirigentes da UNITA,” e que o segundo o mesmo comunicado – “foram vítimas daquilo que chamou de conflitos internos”.

O Galo Negro reconhece assim indiretamente que as ossadas são alegadamente de antigos membros da UNITA mortas pela própria UNITA.

Trata-se de Ana Savimbi, que foi esposa de Jonas Savimbi e dos generais António Perestelo Moura “Bock”, Armando Júlio, também conhecido por “Tarzan”, e Antero Vieira, todos mortos em 2000.

A UNITA disse que a comissão de reconciliação Civicop foi criada “no espírito de perdão e com o propósito de reconciliar a família angolana, bem como honrar a memória das vítimas, ocorridas em todas as províncias do país, durante a guerra fratricida e conflitos internos”.

Para a UNITA, é uma preocupação o “desvio deliberado dos propósitos que estiveram na base da criação da Civicop, pois esta foi transformada numa instrumentalidade partidária de arremesso e julgamento público de adversários políticos como inimigos”.

“O Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA condena veementemente a forma como a Civicop exibiu as ossadas de algumas das vítimas, em desrespeito pelas famílias, valores e tradições africanas, pelo que exige a retomada dos objetivos e princípios que nortearam a sua criação, o mais urgente possível”, destaca-se na nota.

A porta-voz da comissão Israel Nambi disse que segundo o que chamou de “fontes orais” foram encontradas ossadas que “podem tratar-se de altos oficiais militares pertencentes ao antigo braço armado da UNITA, uma senhora e uma criança, podendo tratare-se dos generais Bock, Perestelo, “Tarzan” e Antero e a senhora Ana Savimbi, mortos em 2000”.

Israel Nambi disse que vão ser levados a cabos testes de ADN com base em doações de amostras dos parentes, e sublinhou que isso foi uma solicitação dos próprios familiares.

A UNITA disse no seu comunicado a que o seu Comité Permanente vai reunir-se brevemente “para analisar a situação e ponderar os passos subsequentes”.

Em 2019, o Presidente angolano, João Lourenço, criou a Civicop, encarregue do plano geral de homenagem às vítimas dos conflitos políticos, que ocorreram em Angola, entre 11 de novembro de 1975 e 04 de abril de 2002.

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