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Forças de segurança usam gás lacrimogéneo contra manifestantes no Sudão


Manifestação em Cartum, Sudão, contra o regime militar. Dez. 30, 2021.
Manifestação em Cartum, Sudão, contra o regime militar. Dez. 30, 2021.

As forças de segurança do Sudão dispararam gás lacrimogéneo contra manifestantes anti regime militar na capital Cartum, segundo imagens transmitidas pela televisão, num protesto que já vai na 12ª ronda, desde o golpe de 25 de Outubro.

Segundo testemunhas, à Reuters, os serviços de Internet e celular foram interrompidos antes dos protestos, bem como foram fechadas todas as pontes que ligam Cartum a outras localidades.

Os protestos de Domingo ocorrem depois de seis pessoas terem morrido e centenas terem ficado feridas em manifestações nacionais contra o regime militar na quinta-feira. O número de mortos desde o início da repressão das forças de segurança em Outubro é de 54, disse o Comité Central de Médicos Sudaneses.

Os militares tomaram o poder num golpe de 25 de Outubro que encerrou um acordo de divisão de poder com as forças políticas civis. O acordo de 2019 deveria pavimentar o caminho para um governo de transição e eventuais eleições após o derrube do líder de longa data Omar al-Bashir.

Os protestos contra o regime militar continuaram mesmo depois que Abdallah Hamdok foi reintegrado como primeiro-ministro no mês passado.

Os manifestantes exigiram que os militares não desempenhassem nenhum papel no governo durante a transição para eleições livres.

Algumas pessoas conseguiram postar imagens nas redes sociais mostrando protestos em várias outras cidades, incluindo Ad-Damazin e Port Sudan.

Al Hadath TV citou um conselheiro do líder militar Abdel Fattah Al-Burhan dizendo que os militares não permitiriam que ninguém colocasse o país no caos e que os protestos contínuos eram "um dreno físico, psicológico e mental do país" e "não alcançaria uma solução política."

Em ocasiões recentes, quando as comunicações foram interrompidas, fontes de empresas de telecomunicações disseram à Reuters que as autoridades exigiram que os provedores cortassem os seus serviços. Não foi possível contactar as autoridades imediatamente para comentar o assunto no domingo.

Num discurso televisionado na sexta-feira, Burhan disse que as disputas pelo poder e a perda de vidas significam que todos "deveriam usar a voz da razão".

Burhan acrescentou: "A única maneira de governar é por mandato popular por meio de eleições."

O Conselho Soberano do Sudão, liderado por Burhan, denunciou na sexta-feira a violência que acompanhou os protestos de quinta-feira, acrescentando que ordenou às autoridades que tomassem todas as medidas legais e militares para evitar uma recorrência e "ninguém ficará impune".

Na semana passada, o conselho restabeleceu os poderes de prisão e detenção para o serviço de inteligência.

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