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Falcão diz que funeral de Dos Santos deve acontecer no dia 28 e acusa família de não respeitar a situação


Rui Falcão, porta-voz do partido MPLA, no último comício da campanha eleitoral angolana. Camama, Luanda, Angola. 20 Agosto 2022
Rui Falcão, porta-voz do partido MPLA, no último comício da campanha eleitoral angolana. Camama, Luanda, Angola. 20 Agosto 2022

Porta-voz do MPLA considera que as "filhas estavam distraídas... estavam na praia, estavam a fazer desfiles de moda, etc.” em relação ao facto de, segundo a advogada delas, não terem sido informadas da transladação

O funeral do antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos deve realizar-se a 28 de Agosto, dia que se estivesse vivo completaria 80 anos de idade.

A data foi avançada à VOA neste sábado, 20, pelo porta-voz do MPLA, Rui Falcão, à margem do comício de encerramento da campanha eleitoral do partido no poder.

“Vamos cuidar com muito carinho como o MPLA cuida dos seus filhos”, acrecentou Falcão que, mais tarde, em declarações a jornalistas no mesmo local apontou o dedo aos filhos de José Eduardo dos Santos que criticaram o posicionamento do Governo em levar o corpo para Angola e fazer o funeral sem a presença deles.

“Quem não respeita é a família”, acusou o porta-voz do MPLA, que refutou críticas de alguns dos filhos do antigo Presidente de aproveitamento eleitoral do falecimento de Santos a 8 de Julho.

“Se quiséssemos fazer aproveitamento político faríamos agora, esta mole humana que está aqui respeita o José Eduardo dos Santos como sempre respeitou”, apontou Rui Falcão ao referir-se à multidão que participava em Camama, Luanda, no encerramento da campanha eleitoral do MPLA.

Questionado pelo facto de a advogada de Tchizé dos Santos e de outros filhos, Carmen Varela, ter dito à AFP que não foram notificadas, Falcão afirmou que “as filhas andaram distraídas (…) estavam na praia, estavam a fazer desfiles de moda, etc.”.

Quanto à ausência de Isabel e Tchizé dos Santos no funeral, o porta-voz do MPLA foi taxativo ao dizer que “se não devem nada ao Estado, por que não? Se têm algum problema com a justiça, elas que o resolvam, nós temos de tratar o ex-Presidente da República como ele merece”.

A transladação do corpo de Santos para Angola é o culminar de uma longa batalha jurídica entre os filhos do antigo Presidente, Isabel, José Filomeno "Zenu", Welwitschea "Tchizé", Joess e José Eduardo Paulino "Coreon Dú" que exigiam o direito de enterrar o pai, de um lado e, do outro, a esposa Ana Paula dos Santos e os seus três filhos que reclamavam o mesmo direito.

No dia 16, e depois de confirmar que o antigo Presidente teve morte natural, o juiz Francisco Javier Pauli Collado decidiu, recorrendo à jurisprudência de 1998 no país, entregar o corpo a Ana Paula Santos.

Os filhos voltaram a recorrer no dia 18 contra esta decisão, tendo o mesmo juiz decidido em sentença de 19 de Agosto que "não será e dar lugar à suspensão da execução do auto de 16 de Agosto de 2022, como se indicou no próprio auto de 18 de Agosto de 2022, que agora se recorre".

Refira-se que a viúva de Ana Paula Santos tem tido apoio jurídico do Governo angolano que contratou advogados para o efeito e disponibilizou todos os meios para a transladação do corpo do antigo Presidente que deve chegar por volta das 18 horas locais a Luanda.

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