O fluxo de cidadãos da República Democrática do Congo (RDC) expulsos de Angola está a agravar a crise humanitária, já problemática, naquele país e ameaça desestabilizar ainda mais a região do Kasai.
A advertência é da organização não governamental Conselho Norueguês para Refugiados (CNR) que, em comunicado, relata que “vários milhares de pessoas estão a atravessar a longa fronteira [provenientes de Angola] e a exercer uma grande pressão sobre a já problemática situação humanitária na região”.
A directora do CNR para a RDC, Ulrika Blom, escreve que a expulsão de cerca de 360 mil congoleses de Angola durante o mês de Outubro é verdadeiramente chocante e ameaça desestabilizar ainda mais a situação no Kasai”.
Aquele órgão de apoio a refugiados acrescenta que a expulsão de cidadãos congoleses desprotegidos num curto período “é de tal forma grande que coloca uma ameaça grave ao contexto frágil e instável da região do Grande Kasai, onde pelo menos dois milhões de pessoas já regressaram aos locais de origem e 1,3 milhões de outras continuam deslocadas".
As crianças, na óptica daquela organização, são as grandes vítima desse drama “de longa data”, porque, explica Blom, grande parte delas separadas dos pais, estão a frequentar escolas improvisadas, mas sem uniformes ou sequer material escolar”
"Às centenas de milhar de pessoas foram-lhe roubados o direito a uma existência digna. Não estamos a falar de uma crise que está a começar, mas sim de uma emergência em grande escala. A comunidade internacional deve aumentar urgentemente o financiamento para a assistência humanitária", salientou Ulrika Blom, que alerta para o facto de o orçamento do Plano de Resposta Humanitária para a RDC estar a menos de metade.
Blom teme também o surgimento de epidemias quando “não existem latrinas e sequer um sistema sanitário, falta a água potável e habitações e há milhares a dormirem ao relento".