Os jovens recrutas do exército australiano foram obrigados ao longo dos anos a sofrer ou a cometer violações, frequentemente com outras práticas violentas, revelou uma comissão de investigação.
A comissão de investigação real australiana começou audições públicas sobre denúncias de violações a recrutas das Forças de Defesa Australianas, depois de ter feito o mesmo em organizações religiosas, escolas e serviços sociais.
Há fortes denúncis de que jovens recrutas foram violados durante anos.
A comissão vai debruçar-se principalmente sobre dois centros de formação em serviço entre os anos 1960 e 1980: o HMAS Leeuwin, na Austrália Ocidental, onde se formaram os recrutas da marinha, e uma escola militar em Balcome, do estado de Vitória.
O advogado Angus Stewart revelou que a comissão foi contactada por 111 pessoas sobre o assunto dos abusos cometido sobre os menores no seio da ADF, das quais cerca de metade são de Leeuwin e de Balcombe.
Entre esses abusos, o advogado deu alguns exemplos, citando que cobriam as partes genitais dos mais novos com cera de depilação ou pasta de dentes, que lhes prendiam as partes genitais no banho ou forçavam-nos a pôr a cabeça em sanitas sujas.
"Os sobreviventes disseram que foram sujeitos a formas graves de abusos sexuais, incluindo toques, sexo oral ou relações anais activas e passivas durante os seis primeiros meses em Leewin", continuou Angus Stewart.
As vítimas raramente se atrevem a denunciar os abusos, acrescentou a mesma fonte.
A comissão de investigação vai também examinar a situação com a instituição de cadetes do exército a partir do ano de 2000.
Nestes últimos cinco anos, o exército australiano foi objecto de duas investigações por abuso, na sequência de queixas datadas dos anos 1940, tendo feito uma série de reformas.