A recente evacuação de doentes de barco da ilha cabo-verdiana do Fogo para a capital do país, Praia, provocou um grande debate em torno da problemática da ligação entre as ilhas no mês em que a empresa privada Binter começa a realizar os voos domésticos, em detrimento da companhia de bandeira que vai se ocupar das ligações internacionais.
O Governo e a oposição trocaram farpas, enquanto o delegado da Saúde da ilha do Fogo pede uma solução concertada e definitiva.
Depois de três doentes terem sido transportados na segunda-feira, 5, numa lancha da Guarda Costeira da ilha do Fogo para a Santiago, ontem um avião deslocou-se à mesma ilha para levar mais dois pacientes em situação grave.
Para o presidente da Câmara Municipal dos Mosteiros, um dos três municípios da ilha e o única nas mãos da oposição FernandinhoTeixeira, “a situação regrediu 40 anos”.
Para Teixeira, “a ilha está semiabandonada e há que tomar medidas urgentes para corrigir esta situação em que, no século 21, as pessoas são transportadas numa lancha”.
O Governo respondeu de imediato.
O ministro da Presidência do Conselho de Ministros Fernando Elísio Freire foi à televisão pública refutar as acusações.
Freire disse que a situação nada tem a ver com a reforma do sector da aviação, e devolveu a acusação ao autarca dos Mosteiros, “por ser uma afirmação da idade da pedra”.
O ministro garantiu que a partir do dia 15, o problema estará resolvido no âmbito do acordo de concessão com a companhia privada.
Freire afirmou que o Governo salvaguardou esta situação impondo que a companhia “tem de ter os equipamentos, os doentes têm de estar acompanhados e devem ser transportados de forma digna”.
Entretanto, o delegado da Saúde do Fogo Luis Sanches defende uma “solução concertada e permanente”.