Um porta-voz do Departamento de Estado Americano não confirmou informações postas a circular neste sábado, 22, de que o exército do Sudão concordou em ajudar a evacuar diplomatas dos Estados Unidos e de outros países da capital Cartum.
“Continuamos em contacto com a nossa embaixada em Cartum e temos total responsabilidade do nosso pessoal. Para sua segurança, não posso avançar os detalhes de seus movimentos ou paradeiro”, disse à Voz da América o porta-voz que pediu o anonimato.
A agência Associated Press tinha informado que o exército sudanês disse estar a fazer esforços para evacuar diplomatas dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, China e França em aviões militares, enquanto os combates continuam na capital, inclusive no Aeroporto Internacional.
Os militares do Sudão disseram que o chefe do exército, general Abdel Fattah al-Burhan, conversou com líderes de vários países para solicitar evacuações seguras dos seus cidadãos e diplomatas do Sudão, onde se registam fortes confrontos entre o exército e os paramilitares da Força de Acção Rápida, que já deixaram mais de 400 mortos.
Com o principal aeroporto internacional do Sudão fechado, os governos estrangeiros ordenaram seus cidadãos que abrigem em locais seguros até que haja planos de evacuação.
Burhan disse que diplomatas da Arábia Saudita já haviam sido evacuados e que os diplomatas da Jordânia seriam evacuados da mesma forma em breve.
O Egipto também evacuou parte do seu pessoal, enquanto o Japão se prepara para fazer o mesmo.
Alerta aos americanos
O Departamento de Estado americano disse haver cerca de 70 funcionários da representação diplomática em Cartum e que está a reuni-los num único local.
O porta-voz Vedant Patel fez um alerta na sexta-feira, 21, a cidadãos americanos não diplomatas que estão no Sudão.
“Aconselhamos os americanos a não viajarem para o Sudão desde Agosto de 2021 e o alerta de segurança da Embaixada dos EUA em Cartum a 16 de Abril indicou que, devido às situações de segurança incertas em Cartum e ao encerramento do aeroporto, os americanos não deveriam ter expectativas de uma evacuação coordenada pelo Governo dos EUA neste momento”.
Patel acrescentou que “é imperativo que os cidadãos dos EUA no Sudão tomem suas próprias providências para permanecerem seguros nessas circunstâncias difíceis”.
Diplomacia
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, tem trabalhado ao telefone durante a crise, mantendo contacto permanente com o general Burhan, comandante das Forças Armadas Sudanesas, e o general Mohamed Hamdan Dagalo, comandante das Forças de Apoio Rápido e conhecido como Hemedti.
Blinken pediu aos dois generais que mantenham o cessar-fogo nacional pelo menos até o fim do feriado muçulmano de Eid al-Fitr, neste domingo, 23 de Abril.
O chefe da diplomacia americana também participou numa sessão especial na quinta-feira, 20, sob a liderança do presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki, em que representantes de vários países foram unânimes em pedir um cessar-fogo.
Os dois generais são ex-aliados que tomaram o poder num golpe em 2021, mas depois se desentenderam e iniciaram uma acirrada luta pelo poder.
Os confrontos que começaram há uma semana já provocaram a saída de cinco milhões de pessoas da capital de um dos países mais pobres do mundo.
Fórum