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Estudantes são-tomenses sem dinheiro na Rússia clamam por ajuda


Ricardino Júnior da Ceita (esq), Alcídio Mascarenhas (cen) e Laime Assunção José (dir), estudantes são-tomenses na Rússia
Ricardino Júnior da Ceita (esq), Alcídio Mascarenhas (cen) e Laime Assunção José (dir), estudantes são-tomenses na Rússia

Uma estudante disse que muitos "estão a passar fome, temos vivido de ajuda de colegas de quarto de outras nacionalidades”

Cerca de 47 estudantes são-tomenses na Rússia estão sem dinheiro para se alimentarem e alguns revelam passar fome.

Em declarações à VOA, estudantes enviados pelo Ministério da Educação revelaram que há seis meses não recebem o valor correspondente à bolsa de estudos.

Doze polícias enviados pelo Ministério da Defesa para formação na Rússia estão em pior situação.

Eles dizem que durante quatro anos só receberam 200 euros do Governo são-tomense e a bolsa mensal atribuída pelas autoridades russas que é de 20 dólares.

O bloqueio financeiro internacional imposto à Rússia face à invasão da Ucrânia a 24 de Fevereiro tem contribuído para degradar ainda mais as condições de vida dos estudantes.

“Antes quando o Governo atrasava nos pagamentos recebíamos alguma coisa dos nossos familiares, até mesmo de amigos que se encontram noutros país, mas agora com esta situação de bloqueio financeiro ninguém consegue enviar-nos dinheiro”, disse Júnior de Ceita, presidente da Associação dos Estudantes São-tomenses na Rússia, que está no quinto ano de Medicina.

Ela acrescentou que "muitos estudantes estão a passar fome, temos vivido de ajuda de colegas de quarto de outras nacionalidades”.

Entre os 47 estudantes são-tomenses na Rússia, 12 São polícias enviados pelo Ministério da Defesa.

Edney Afonso, Polícia são-tomense em formação na Rússia
Edney Afonso, Polícia são-tomense em formação na Rússia

“O que a Rússia nos paga todos os meses são 20 dólares. As pessoas aqui olham-nos como mendigos”, conta um dos estudantes em formação policial, que preferiu o anonimato, preocupado com a família que deixou em São Tomé onde tem um salário de cerca de 90 dólares.

“O meu filho teve que ir viver com a milha mãe. Muitas famílias desmoronaram. Desde que estamos aqui, há 4 anos, o nosso governo só nos enviou 200 euros que recebemos através do nosso comandante”, disse em declarações à VOA.

Keyla Sofia é bolseira do Ministério da Educação no curso de Medicina e conta que a situação está a complicar-se ainda mais por causa do frio.

“Temos que arranjar agasalho, não temos mantimento, muito de nós tem estado doente e não temos seguro de saúde porque já não conseguimos pagar e há casos de estudantes com ordem de despejo”, lamenta, recordando que a última vez que recebeu bolsa do Estado são-tomense foi em Junho passado através de um empresário russo.

O grito de socorro dos estudantes já chegou à nova ministra da Educação, que prometeu falar com a VOA na próxima semana.

Contactado pela VOA, o Ministério disse estar a equacionar uma solução urgente para este caso que é o mais graves de todos, mas afirma haver estudantes noutros países com atraso no pagamento das bolsas.
“Soubemos que o nosso caso foi discutido pelo governo, mas queremos reforçar que a situação é muito urgente”, alertou Junior de Ceita, presidente da associação dos estudantes de São Tomé e Príncipe na Rússia.

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