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Especialistas apontam falta de valores e crenças populares na origem de abusos sexuais em Angola


A falta de valores e crenças populares podem estar na causa dos assaltos sexuais a menores em Angola, de acordo com a opinião de especialistas.

O coordenador-geral do Hospital Esperança, na capital angolana, António Feijó, afirmou na quarta-feira, 31, que sete a 10 crianças vítimas de violência sexual são atendidas, diariamente, para fazer exames periódicos e profilaxia do VIH/Sida e de outras doenças de transmissão sexual.

O responsável considerou de preocupante o número de casos, devido à carga psicológica que a criança ou adolescente pode carregar ao longo da sua vida.

Os especialisats Carlinhos Zassala e André Augusto consideram o estado de pobreza no seio das famílias e a inversão de valores, estimulada por algumas seitas religiosas, como as principais causas do fenómeno.

André Augusto, responsável da SOS Habitat, defende também que o paí s“tem de ter leis duras para com os prevaricadores”.

Para o psicólogo Carlinhos Zassala, “as pessoas que praticam tais actos não gozam de boa saúde mental".

Aquele académico defende que o Governo “devia solicitar o concurso de psicólogos para estudar o fenómeno e encontrar as melhoresformaspara o combater”.

A secretária de Estado da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Ruth Mixinge, foi citada pela imprensa estatal como tendo sugerido, na ocasião, a criação de uma rede entre os ministérios da Saúde, do Interior e as administrações municipais, no sentido de sensibilizaras famílias, criando condições nas comunidades para se eliminar este mal.

O responsável do Hospital Esperança, António Feijó, por seu lado, disse que as crianças e adultas vítimas de abuso sexual são acompanhadas por técnicos treinados que prestam assistência psicológica e medicamentosa e outras são levadas pelos oficiais do Serviço de Investigação Criminal (SIC) ou por familiares.

Dados do Instituto Nacional de Luta Contra a Sida (INLS) indicam que o nível de contágio de VIH em Angola é estimado em 310 mil pessoas, das quais 190 mil são mulheres, muitas delas em estado de gestação.

No país, cerca de 70 por cento das pessoas infectadas só se dirigem às unidades hospitalares quando estão com sinais e sintomas muito evidentes da doença, o que revela falta de cultura de fazer o teste com antecedência.

A taxa de abandono da medicação é de 54 por cento e o número de óbitos, em 2017, rondou os 13 mil, de acordo com os últimos dados da ONUSIDA

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