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Em discurso na ONU, Biden insta à unidade para confrontar desafios globais


Joe Biden discursa na Assembleia Geral da ONU, 21 de Setembro de 2021
Joe Biden discursa na Assembleia Geral da ONU, 21 de Setembro de 2021

"Virámos a página'', disse o Presidente americano perante a Assembleia-Geral da ONU em que comprometeu com uma "diplomacia agressiva" para enfrentar a pandemia, alterações climáticas, conflitos e autoritarismo

Com promessas de "diplomacia agressiva" e de não procurar "uma nova Guerra Fria", o Presidente dos EUA, Joe Biden, usou o seu primeiro discurso perante a Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira, 21, para impulsionar a sua agenda global, com o líder da principal força militar mundial a dizer que "o poder militar dos EUA deve ser a nossa ferramenta de último recurso, não a nossa primeira".

Biden também usou o seu discurso de meia hora para insistir em acções agressivas contra a Covid-19 e as alterações climáticas.

"Esta é uma escolha clara e urgente que enfrentamos aqui no alvorecer do que deve ser uma década decisiva para o nosso mundo, uma década que irá determinar literalmente o nosso futuro", disse ele, acrescentando que "como comunidade global, somos desafiados por crises urgentes e iminentes em que existem enormes oportunidades se - se - conseguirmos invocar a vontade e a determinação de aproveitar essas oportunidades".

Sem mencionar o maior adversário dos EUA, a China, pelo nome, Biden também prometeu que não iria procurar escalar o conflito.

Num discurso anterior perante a Assembleia-Geral, o secretário-geral da ONU António Guterres disse que seria "impossível enfrentar desafios económicos e de desenvolvimento dramáticos, enquanto as duas maiores economias do mundo estiverem em desacordo uma com a outra".

“Não estamos à procura - vou repetir - não estamos à procura de uma nova Guerra Fria ou de um mundo dividido em blocos rígidos", garantiu o Presidente Biden.

Para ele, "os Estados Unidos estão prontos a trabalhar com qualquer nação que se disponha a procurar uma resolução pacífica para desafios comuns, mesmo que tenhamos desacordos intensos noutras áreas, porque todos sofreremos as consequências do nosso fracasso se não nos unirmos para enfrentar as ameaças urgentes como a COVID-19, as alterações climáticas ou ameaças duradouras como a proliferação nuclear".

"Virámos a página''

Joe Biden também defendeu a sua controversa decisão de retirar as forças do Afeganistão após 20 anos de envolvimento americano no país.

"Estou aqui hoje, pela primeira vez em 20 anos, com os Estados Unidos não em guerra", disse Biden, quem proclamou: "Virámos a página".

A comparência de Biden nesta terça-feira foi em oposição directa à agressiva doutrina "América primeiro" do seu predecessor, Donald Trump.

“Ao olharmos para o futuro, lideraremos", disse o Presidente.

"Lideraremos em todos os maiores desafios do nosso tempo desde a Covid até ao clima, paz e segurança, dignidade humana e direitos humanos, mas não o faremos sozinhos".

Ele garantiu que "lideraremos juntamente com os nossos aliados e parceiros em cooperação com todos aqueles que acreditam, como nós, que isto está ao nosso alcance para enfrentar estes desafios, para construir um futuro, e para preservar este planeta".

A Assembleia Geral anual na sede da ONU em Nova Iorque é indiscutivelmente o maior palco global para os líderes mundiais utilizarem o seu tempo para exporem temas de interesse global e regional perante 193 membros.

Este ano, apenas cerca de 100 chefes de Estado anunciaram estarão presentes pessoalmente.

Os presidentes da China, Irão, Egipto e Somália estão entre os que decidiram enviar mensagens gravadas.

Ideais vs. Realidade

Mas a visão globalista, cooperativa e optimista de Biden choca com a realidade incómoda.

Na sexta-feira, 17, o aliado mais antigo da América, a França, chamou os seus embaixadores nos EUA e na Austrália, expressando a sua irritação pelo que considerou uma "facada nas costas" dos dois países ao faserem um acordo sobre submarinos nucleares que anulou um contrato franco-australiano de quase 70 mil milhões de dólares para submarinos convencionais.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse que Biden falará em breve com o seu homólogo francês, o Presidente Emmanuel Macron, que não está a planear viajar para Nova Iorque. Ela recusou-se a dizer se a administração Biden teria um gesto compensatório para com a França.

Biden irá também reunir-se à margem do evento da ONU com o Primeiro-Ministro australiano Scott Morrison. Mais tarde, reunir-se-á, já em Washington, com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson.

No final da semana, à margem da reunião da ONU, Biden acolherá uma cimeira sobre a COVID-19, e reunir-se-á também com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi e o primeiro-ministro japonês Yoshihide Suga. Estes dois são membros do chamado "Quad," um diálogo estratégico que também inclui a Austrália, e é visto como um baluarte contra a crescente influência chinesa.

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