A população da Nigéria vai este sábado escolher o Presidente da República e deputados nas eleições mais disputadas desde o fim do regime militar em 1999. O actual presidente Goodluck Jonathan enfrenta 13 candidatos na sua tentativa de reeleição. O seu principal opositor é Mihammadu Buhari, líder do Congresso de Todos Progressistas, o primeiro partido de oposição nacional capaz de ameaçar o Governo do Partido Democrático Popular.
Os nigerianos votam num cenário de incerteza.
A maior economia da África está vacilante. A queda global nos preços do petróleo atingiu duramente a Nigéria, que falhou o seu objetivo de diversificar a economia e poupar dinheiro para tempos de crise. A desvalorização do naira começa a afectar os bolsos dos nigerianos, num país muito dependente de importações. Economistas alertam que haverá sérias restrições no futuro próximo.
Para piorar a situação, o nordeste do país é um campo de batalha. Tropas nigerianas e de países vizinhos avançam na luta contra o Boko Haram, e trabalham para manter o território reconquistado aos rebeldes nas últimas semanas. Milhares de pessoas estão deslocadas e talvez não conseguirão votar. Enquanto isso, os ataques suicidas continuam.
No cenário político, há uma sensação de que qualquer coisa pode acontecer.
O Partido Democrático Popular governa a Nigéria sem grande oposição desde 1999. Entretanto, em 2013, a oposição decidiu unir-se.
Muhammadu Buhari, é o líder desse novo partido da oposição, denominado Congresso de Todos Progressistas.
“Nós procuramos uma nova Nigéria. Ela começa conosco. Ela começa hoje. Insegurança, corrupção e o colapso da economia deitaram a nação abaixo”.
O partido considera esta eleição como sendo o fim de 16 anos de governo do Partido Democrático Popular, uma mensagem que está a se espalhar. A população demonstra a sua insatisfação com o actual governo, como diz esta residente de Lagos.
“As pessoas estão a sofrer na Nigéria, há um grande sofrimento. Não há boas estradas, não há bons hospitais, a electricidade é instável, não temos água potável nem transporte seguro. Nada na Nigéria funciona”.
O Partido Democrático Popular ressalta, entretanto, as suas conquistas, e questiona a idade do candidato Buhari, de 72 anos, assim como o seu passado no Governo militar dos anos 80. O catual presidente Jonathan afirma a importância dos jovens para a Nigéria.
“Vocês querem regressar aos dias do passado? Ou vocês estão a caminhar para a frente? A Nigéria deve caminhar para a frente. A Nigéria é para os jovens. A Nigéria não é para pessoas velhas como nós. A juventude deve redefinir este país”.
70 por cento dos nigerianos têm menos de 30 anos de idade. A taxa de desemprego é alta e ambos candidatos prometem criar milhões de empregos se forem eleitos.
No primeiro mandato de Jonathan ocorreram diversos escândalos de corrupção, que envolveram políticos importantes do seu Governo. A insurgência do Boko Haram aumentou dramaticamente durante o seu governo.
Ainda sim, analistas dizem que não se pode antecipar o resultado desta eleição. A comissão eleitoral adoptará um sistema de verificação biométrica para evitar fraudes.
Agências de segurança estão em alerta e a partir de amanhã os deslocamentos de pessoas serão restritos.