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Eleições na Virgínia, um referendo a Joe Biden


Terry McAuliffe (esq) e Glenn Youngkin (dir) em debate
Terry McAuliffe (esq) e Glenn Youngkin (dir) em debate

Sondagens indicam Joe Biden em queda livre arrastando consigo Democratas em eleições estaduais

Eleitores americanos votam nesta terça-feira, 2, em diversos Estados para eleger governadores e assembleias estaduais

Eleições na Virgínia um referendo a Joe Biden – 6:39
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Essas eleições são vistas como um indicativo do que se poderá passar no próximo ano nas eleições para a legislatura federal, o Congresso, actualmente sob controlo do Partido Democrata.

Nas eleições de hoje, aquela que está a chamar mais a atenção é a que decorre no Estado a Virginia que faz fronteira com Washington e que até agora é um Estado controlado por grande vantagem pelos democratas.

O Presidente Joe Biden venceu esse estado com 10% de vantagem sobre Donald Trump confirmando a Virginia, em tempos um Estado conservador do sul, como um bastião desse partido que controla também a legislatura estadual.

Um ano antes os democratas tinham ganho controlo total da legislatura estadual

Mas mudam-se os tempos mudam-se as vontades.

O candidato democrata ao posto de governador, Terry McAuliffe, que já foi governador do Estado, parecia estar a caminho de uma vitória fácil contra o candidato republicano Glenn Youngkin.

A 15 de Setembro, por exemplo, McAuliffe tinha uma vantagem de 6 por cento sobre Youngking nas sondagens, vantagem essa que foi gradualmente diminuindo até atingir aquilo que alguns jornais americanos chamaram de “implosão McAuliffe” e Youngkin comandava ontem - em média de todas sondangens - por 1,7%.

É de assinalar que essa vantagem é minima, está dentro da margem de erro e McAulliffe tem sempre a vantagem de haver mais eleitores registados como democratas do que republicanos o que significa que o candidato republicano tem que ganhar os independentes e mesmo dar uma reviravolta entre alguns eleitores democratas para poder vencer.

Crescente descontentamento com Biden e Democratas

Mas o que mais preocupa os democratas nesta altura é o facto desta reviravolta nas sondagens a favor de Youngkin ser reflexo do crescente descontentamento com o Partido Democrata e o Presidente Biden.

Joe Biden
Joe Biden

Uma sondagem da cadeia de televisão NBC revela que 71% dos americanos considera agora que os Estados Unidos estão na via errada, incluindo uma quase maioria do eleitorado democrata.

O Presidente Biden conta com apoio de apenas 42% do eleitorado.

Apenas 37% consideram que o Presidente Biden tem a capacidade de lidar com uma crise e apenas 37% pensam que que ele é competente.

Os republicanos comandam os democratas em questões como segurança de fronteiras, combate à inflação e ao crime, segurança nacional, economia e capacidade de resolver problemas.

Por outras palavras, é uma derrocada para o Partido Democrata que tem contudo ainda apoio da maioria em questões como mudanças climáticas, combate ao coronavírus e protecção do direito ao aborto.

É óbvio que isto está a ter um impacto nas eleições locais estaduais.

Residência oficial do governador da Virgínia
Residência oficial do governador da Virgínia

A sombra de Trump

Os democratas estão a ser criticados por tentarem fazer da votação na Virginia uma luta contra Donald Trump, pouco popular no Estado, apelidando mesmo Youngkin como Trump.

Terry McAuliffe tornou isso bem claro várias vezes afirmando por exemplo que “Glenn Youngkin vai fazer o que Donald Trump quer que ele faça”.

"Toda a sua campanha tem sido uma eleição induzida por Donald Trump”, acrescentou recentemente, uma das várias vezes em que Youngkin foi acusado de ser um seguidor de Trump.

Muitos analistas consideram agora que o ênfase do partido Democrata em querer transformar Youngkin num fantoche de Donald Trump pode ter esgotado a sua utilidade, com o eleitorado da Virgínia a rejeitar isso.

Amber Athey, da publicação Spectator, diz que na Virgínia as sondagens indicam aquilo que se passa a escala nacional em que os republicanos comandam nas questões que preocupam o eleitorado.

“Mesmo na questão do coronavírus onde Youngkin tem sido acusado de ser contra as vacinas, acusado pela campanha de McAuliffe de querer que as pessoas morram, Youngkin tem um por cento de vantagem nessa questão e esmaga totalmente McCauliffe na educação, economia e crime que são as questões principais para os eleitores da Virginia”, disse Athey, falando a um podcast sob política local e para quem “McAuliffe não teve nenhuma resposta a essas questões e por isso em estado a tentar comparar Youngkin com Trump ... e esta última sondagem da cadeia Fox mostra que esses esforços não produziram qualquer resultado”.

“Ele (McAuliffe) está envolvido numa campanha diferente daquela de Youngkin no que diz respeito às questões com que os eleitores de Virgínia se preocupam”, acrescentou.

Ela fazia referência a uma sondagem da cadeia Fox que dá uma vantagem de 8% a Youngkin muito acima da média restante.

O jornal Washington Post dá um margem de vitória a McAuliffe por um por cento, o que demonstra que as sondagens podem não ser credíveis.

Uma coisa é certa: McAuliffe para ganhar tem que garantir os votos do bastião democrata do condado de Fairfax, junto à fronteira com Washington pois é aí e noutras duas grandes cidades que os democratas ganham devido à concentração de população.

As zonas rurais ou de pequenas cidades são o eleitorado republicano.

O que prever para hoje?

Chris Christie, foi governador Republicano no Estado de Nova Jersey, e diz que “ainda penso que é uma corrida muito renhida"

“A tendência parece ir a favor de Youngkin”, acrescentou Christie na cadeia de televisão ABC.

Entretanto, quaisquer que sejam os resultados neste Estado dominado pelos democratas estes têm razão para estar preocupados.

Isso pode ser visto pelo facto de nos últimos dias da campanha o Presidente Joe Biden, a vice-presidente Kamala Harris e o antigo Presidente Barack Obama foram à Virgínia fazer campanha por McAuliffe.

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