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Electrificação de Angola deve dar prioridade ao sector industrial, diz director da AIA


O presidente da Associação Industrial Angolana, José Severino, disse que o programa de electrificação do país deve prestar mais atenção “ao sector produtivo” com menor relevância para o secgtor doméstico.

Angola tem um consumo de electricidade muito aquém da capacidade de produção instalada, na ordem de 6 mil megawatts, por conta de desequilíbrios no investimento na distribuição e pouco aproveitamento do potencial hídrico, tal como advertem especialistas que acompanham a era da transição energética.

Indústria angolana quer prioridade na electricidade – 3:02
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Com uma taxa de electrificação fixada em 42%, como ficou patente num relatório da Associação Lusófona de Energias Renováveis, o país está a desperdiçar 4 mil megawatts, quando mais de metade da população não tem acesso a este bem e o sector produtivo fica a depender de geradores.

Quando as autoridades dizem que a meta é aumentar para 50 por cento a taxa de electrificação do país até 2025, saltam à vista o aproveitamento de Caculo Cabaça (Kwanza Norte), projectado para 2,1 gigawatts, o consumo actual, e as fotovoltaicas que vão absorver milhares de dólares, com o investimento americano incluído.

José Severino, alerta para um vazio na distribuição e lembra que sectores como a pesca, a agricultura e a indústria devem deixar de depender de fontes alternativas

“Vemos que o consumo está mais para o sector doméstico, por isso recomendamos urgência de electricidade para o ramo produtivo”, salienta Severino.

Ele sustenta que “o consumo humano é muito disperso, obriga a grandes investimentos na distribuição, o sector é muito deficitário”.

Já o empresário Cristóvão Tofo, conhecido por construir mini-hídricas em comunas e pelas reticências em relação à energia solar, salienta que o potencial de Angola merece uma taxa de electrificação diferente da actual.

“Angola é um país com bons relevos, temos água em todo o sítio, mas devíamos aproveitar este precioso líquido de uma forma mais técnic”, disse.

Conseguimos servir a população, diminuindo custos de água e de energia”, acrescentou

Abordado a propósito desta corrente, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, apresentou a estratégia das autoridades

“Nós propomos que os privados constroem, reabilitam as mini-hídricas e o Estado

compra-lhes a energia. É uma forma de promover o investimento”, disse.

Mas o problema, conforme o reparo de José Severino, é que o investidor é obrigado a vender a energia ao Estado, quando as suas pretensões passam por fornecer directamente ao cliente.

"Como é que você vai fazer um investimento e depois entregar à ENDE (Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade)?”, interrogou acrescentando que companhia tolera a falta de pagamentos não cortando a energia aqueles que não pagam.

“ Eles não conseguem cobrar, toleram, não cortam”, salienta o industrial, acrescentando que “assim não há retorno do investimento, isso dificulta a electrificação do país".

O relatório da Associação Lusófona de Energias Renováveis, apresentado nesta terça-feira, aponta para uma produção de 7,2 mil megawatts daqui a três anos, mas o ministro Baptista Borges prevê oito mil.

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