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Grupos armados acordam cessar-fogo no leste da República Democrática do Congo


Chegada das tropas governamentais congolesas a cidade de Goma, 03 de Dez 2012.
Chegada das tropas governamentais congolesas a cidade de Goma, 03 de Dez 2012.

No rescaldo das conversações de paz entre o governo e o grupo rebelde M23, outros grupos armados e étnicos decidiram formalizar um cessar-fogo que pode ser uma aliança favorável ao governo de Kinshasa

Vários grupos armados no leste da República Democrática do Congo concordaram num cessar-fogo e na criação de uma aliança, depois de meses de conflitos étnicos.
Observadores afirmam ser a primeira vez que grupos armados obtêm um acordo tão abrangente, mas receiam que mesmo não venha durar por longo tempo.

A aldeia de Mashadi no território de Masisi está na linha da frente do conflito étnico entre as comunidades Hutu e Hunde. No passado 11 de Novembro ela foi atacada pela milícia Hutu, Nyatura que saqueou e queimou casas dos membros Hunde tendo deixado intactas as dos Hutu.O chefe local diz que 155 casas foram destruídas, e 5 pessoas morrem vítimas desse ataque.

Tem sido este o quotidiano de Masisi com as milícias étnicas na sua maioria das comunidades Tembo, Hunde e Hutu combatendo por toda a região. Muitas aldeias que anteriormente acolhiam gentes de todas as origens, estão agora desabitadas e ou habitadas por um único grupo étnico.

Mas no último Sábado um alto responsável do governo, Ngwisha Mapendo, levou a boa nova para os aldeões hútu que ainda vivem em Mashadi.

Falando durante uma assembleia de aldeões Ngwashi disse aos presentes que podiam agora viver em paz e que esteve num encontro a 18 de Dezembro no qual as autoridades locais e outros detentores de poder concordaram num cessar-fogo.

Falando para a Voz da América em Mashadi, Ngwiha explicou que as populações locais foram pedir aos líderes dos grupos armados e persuadiram-nos a enviar representantes para o encontro em que se preparou o cessar-fogo e a aliança da paz.

Ngwashi disse ainda a VOA que para além da Nyatura, outros grupos armados estavam representados no encontro, incluindo a Aliança dos Patriotas para Congo Livre e Soberano – APCLS – a Aliança dos Cidadãos Descontentes – Raia Mutomboki – e vários outros grupos conhecidos como os Mai-Mai.

Juntos esses grupos formam a estrutura das milícias na província do Kivu Norte, para além dos rebeldes do M23 e os seus aliados e do grupo rebelde ruandês, Forças Democrática para a Libertação do Ruanda – FDLR.

A aliança de milicas oorganizou um outro encontro a 27 de Dezembro nos quartéis da Aliança dos Patriotas para Congo Livre e Soberano, na área central da comunidade Hunde.

O General Samson, um representante dos grupos Mai-Mai disse a Voz da América que eles concordaram em trabalhar sob a liderança General Janvier Buingo Karairi da Aliança dos Patriotas para Congo Livre e Soberano.

O General Samson disse também que se o exército governamental fosse capaz para derrotar o M23, o Mai-Mai poderiam estar prontos para integrar as forças armadas, e se as tropas governamentais não puderem combater o M23 sozinho, o Mai-Mai irá apoiar.
Algumas pessoas na zona pensam que o cessar-fogo e a aliança fazem parte de uma estratégia governamental.

Aimee Imoabita é da comunidade Hunde e teve que fugir da sua aldeia e vive agora num campo de deslocados no centro de Masisi.Diz ele que sabe que o grupo APCLS está do lado do governo porque desde que esse grupo armado chegou a cidade não tem causado nenhum problema as autoridades ou aos habitantes locais. APCLS não mata pessoas, adiantou Imoabita, eles protegem as pessoas, muito bem. Também os hútus que se encontram nos campos dos deslocados concordam com presença e acção do grupo Aliança dos Patriotas para Congo Livre e Soberano.

Está claro que a APCLS e as tropas governamentais estão a colaborar apesar de se terem combatido mutuamente até meados de Novembro. As conversações de paz entre o governo e o grupo rebelde M23 devem ser retomadas amanhã, Sexta-feira em Kampla. O que não é ainda claro, é a reacção desses grupos a um eventual acordo entre o governo e o M23 que ocupou durante alguns dias a capital provincial de Goma no passado mês de Novembro.
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