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Directora da USAGM defende independência editoral da VOA e reforço da agência


Amanda Bennet, directora executiv da Agência dos Estados Unidos para Mídia Global
Amanda Bennet, directora executiv da Agência dos Estados Unidos para Mídia Global

A directora-executiva da Agência dos Estados Unidos para Mídia Global (USAGM) disse na quinta-feira, 9, que a organização enfrenta um momento crítico a nível global, em que o acesso a notícias confiáveis é ameaçado por regimes autoritários.

Durante uma audiência perante o Comité de Apropriações da Câmara dos Representantes Amanda Bennett afirmou, no entanto, que as redes de notícias da agência, que detém a Voz da América (VOA), superam as operações da imprensa da Rússia e da China, que têm maiores recursos financeiros, devido ao seu jornalismo independente e reitera a linha editorial da VOA.

“Se perdermos esta oportunidade de direccionar investimentos para conter as incursões que a Rússia e [China] estão a fazer, corremos o risco de perder a guerra global de informação”, reforçou Bennett, quem discutiu com os legisladores as formas de melhorar os padrões jornalísticos do Escritório de Difusão para Cuba, o uso de tecnologias de satélite e formas de chegar a pessoas em lugares como China e Irão e ainda os impactos da rede da USAGM no combate ao bloqueio da Rússia às fontes confiáveis.

Bennett, que dirigiu a VOA por quatro anos até renunciar em 2020, disse em resposta a perguntas de legisladores que respeita a linha editorial da agência e que não está envolvida em qualquer movimento para alterar um artigo recente da VOA sobre a agência.

Numa carta enviada a 8 de Março ao USAGM, o presidente da Câmara de Relações Exteriores, Michael McCaul, disse que estava preocupado com uma suposta censura na VOA, segundo um artigo publicado pela própria empresa sobre a sua política de contratação.

“Como uma organização de mídia com financiamento público, é imperativo que a USAGM e a VOA cumpram esses requisitos rígidos de integridade e não partidarismo, mantendo a liderança da USAGM fora do processo de tomada de decisão editorial”, disse McCaul.

O artigo informa que a VOA colocou em licença remunerada dois jornalistas recém-contratados para o seu Serviço Russo devido ao trabalho que realizaram anteriormente nos meios de comunicação apoiados pela Rússia.

Ele também detalhou as controvérsias administrativas anteriores, incluindo um caso envolvendo Seterah Derakhshesh Sieg, chefe do Serviço Persa, da VOA.

Durante a audiência regular do subcomité de dotações da Câmara dos Representantes, que supervisiona o uso de fundos do Governo pelo USAGM, o representante Guy Reschenthaler alegou que o gabinete de Bennett não respondeu aos pedidos de McCaul por mais informações.

Bennett respondeu que o gabinete dela vai cumprir todas as solicitações exigidas pelo Congresso.

Em resposta às alegações de que o artigo havia sido editado para remover informações embaraçosas, Bennett disse que “a linha editorial não me permite influenciar suas decisões em termos do que fazem com seus jornalistas”.

“A linha editorial da VOA proíbe qualquer interferência da administração da USAGM nas decisões de cobertura de notícias e as actualizações da notícia da VOA em questão foram feitas após uma revisão editorial padrão do conteúdo pelos editores da redação da VOA”, sublinhou a directora-executiva.

Um porta-voz da USAGM também negou que a agência estivesse envolvida no processo editorial da VOA, chamando a linha editoral de “sacrossanta”.
“Nem os jornalistas da VOA, nem qualquer jornalista das nossas organizações recebem orientações editoriais do USAGM. Enquadrar isso como uma 'violação da linha eidtorial' é factualmente incorrecto e enganoso”, respondeu um porta-voz por e-mail.

Emissões para Cuba

Os legisladores também expressaram sua preocupação com o estado da imprensa livre em Cuba e sugeriram que a transmissão dos EUA deva ajudar a superar esse problema da falta de uma informação livre.

"Cuba é um dos ambientes de mídia mais restritivos do mundo", disse Bennett aos legisladores.

"Acho que conseguiu isolar as pessoas do resto do mundo e, ao mesmo tempo, vemos - como tenho alguns dados para mostrar - que o povo cubano ainda deseja e anseia por essa informação e procura por ela", acrescentou.

O Escritório de Difusão de Cuba da USAGM emite notícias para os cubanos desde 1985, mas, nos últimos anos, a emissora com sede em Miami tem enfrentado críticas sobre a integridade jornalística da sua equipa.

Amanda Bennett reconheceu lapsos significativos no passado mas disse ter sido implementada uma série de reformas.

“Estamos realmente a avançar de forma muito agressiva para estabelecer estruturas que ajudarão a garantir isso”, afirmou Bennett aos legisladores, com uma revisão de conteúdo mais agressiva para nos ajudar a olhar e ver o que está a acontecer e garantir esses altos padrões".

Estimativas da USAGM indicam que 394 milhões de pessoas ouvem e assistem semanalmente à sua programação dos diversas serviços da agência financiada pelo Governo federal e supervisionada pelo Congresso.

A agência tem duas entidades federais, a Voz da América (VOA) e o Escritório de Difusão para Cuba, e quatro organizações sem fins lucrativos: Rádio Free Europe/Radio Liberty, Radio Free Asia, Rede de Difusão para o Médio Oriente e o Fundo de Tecnologia Aberta.

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