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Desalojados das Salinas acusam Polícia de ameaças de morte em manifestação contra venda de terrenos


Desalojados em Benguela protestam junto de empresa de loteamento de terrenos
Desalojados em Benguela protestam junto de empresa de loteamento de terrenos

Eles dizem que não arredam pé, nem regressam ao local onde foram colocados pelas autoridades

Famílias desalojadas do bairro das Salinas, na província angolana de Benguela, acusam agentes da Polícia Nacional (PN) de terem proferido ameaças de morte quando se manifestavam, nesta segunda-feira, 12, contra a venda de terrenos loteados.

Movidas por informações que apontam para o início do processo anunciado já pela Administração Municipal, elas regressaram ao local para protestos nas imediações do escritório da empresa que prepara os terrenos, com tendas e utensílios domésticos.

Ao lado dos escombros das demolições ocorridas a 24 de Junho, muitos cidadãos lamentaram a postura da PN, mas sublinharam que não regressam a um magistério sem condições, onde se encontram instaladas desde que foram desalojadas.

Joaquina Chilombo e outros desalojados dizem estar prontos para ali pernoitarem o tempo necessário, pelo menos até serem recebidos pela administradora municipal.

Benguela: Famílias desalojadas em manifestação pelo direito à terra
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"Quando eram 4 horas da manhã estávamos aqui, não saímos, mesmo que … como disseram que vai sair mortes, estamos à espera. A polícia está a ameaçar, por isso pode matar’’, denuncia Chilombo.

"Se calhar a Administração, que nos coloca naquele edifício a cair, sem assistência, está a dizer ‘descansem em paz’, mas não morremos e reivindicamos direito de superfície’’, conta Cassiano Catimba.

Nem o comandante municipal da PN, Filipe Cachota, para o caso da denúncia de ameaças de morte, nem a administradora municipal, Adelta Matias, para a venda de lotes, prestaram declarações.

O advogado das famílias desalojadas, José Faria, acha estranho que as autoridades não esperem por uma decisão judicial e acrescenta que está a ser violado o direito de preferência.

Faria avisa que se trata de uma manifestação pacífica.

"Passa-se a ideia de que existem cidadãos de primeira, segunda e terceira água. Como eles não têm condições económicas, ficam impedidos de exercer o direito de preferência. Mas há uma decisão judicial a caminho, era melhor esperar antes de qualquer medida’’, critica o jurista.

Por meio de uma providência cautelar não especificada, a defesa dos desalojados pede que o Tribunal trave o loteamento de terrenos.

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