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Declaração do PR sobre subsídios irrita homens da Segurança do Estado


José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos

Em Benguela, cerca de dois mil ex-militares e da Inteligência não tem subsídios nem pensões de reforma

O pronunciamento do Presidente da República em relação a subsídios de desmobilização, feito no acto de tomada de posse de oficiais generais, está a gerar controvérsia em círculos ligados à Segurança do Estado na província de Benguela.

Antigos agentes da segurança em Benguela irritados - 2:30
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Fontes bem posicionadas lamentam que José Eduardo dos Santos, Comandante em Chefe das Forças Armadas Angolanas, não saiba da existência de milhares de ex-militares sem reforma e subsídio de desmobilização.

O Chefe do Executivo angolano considera que o novo secretário de Estado da Reinserção Social, o general Lúcio Gonçalves do Amaral, tem condições para dinamizar o processo de pagamento de subsídios, mas não dá como certa a existência de pessoas à espera destas benesses.

São estas reticências que conformam o descontentamento de antigos quadros do extinto Ministério da Segurança do Estado (MINSE) em Benguela, província com cerca de dois mil homens sem subsídios e pensões de reforma.

Um deles, formado por especialistas cubanos em contra-inteligência geral, diz que a intriga está a ofuscar o valor de quem deu o melhor de si na defesa da soberania.

“Em 1992, infelizmente, a estratégia do adversário era a mesma, tanto mais que Jonas Savimbi dizia que ‘é melhor perdoar uma coluna das FAPLAS do que um homem da segurança’. Isto demonstra que ele conhecia o nosso valor. Aqui, no MPLA, há muita intriga, o que faz com que o Presidente não tenha todas as informações correctas’’, alerta a fonte sob anonimato.

Se olharmos para o país, os números apontam para cerca de 20 mil antigos funcionários, aos quais se juntam tantos outros dos movimentos de libertação nacional.

Este desempregado, que diz ter pertencido às tropas especiais, salienta que presta declarações em nome da estabilidade.

"Tem havido muitos assaltos a bancos, sinais de crime organizado, algo que, aviso, não é feito por uma pessoa qualquer. Eu, por exemplo, sou desempregado, mas me alimento. Para dizer que tenho as minhas técnicas, à semelhança de todos os companheiros formados. Nos dias de hoje, o problema já não é a UNITA, são estes e outros que se vão rebelar, ninguém aguenta a fome, a miséria e a tristeza", acrescenta.

Numa recente visita a Benguela, o ministro do Interior, Ângelo Tavares, apontava a Caixa Social do seu Ministério como solução para o problema, descartada que foi a Caixa das Forças Armadas Angolanas.

“É um assunto que está em cima da mesa e que será resolvido. Estamos a dar primazia a Benguela por ter um número considerável de pessoas nestas condições’’, garantiu o ministro na ocasião.

Ao lado do seu homólogo das Finanças, Ângelo Tavares faz parte de uma comissão de trabalho liderada pelo Ministério da Reinserção Social.

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