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Corrupção em alta nos dirigentes públicos e polícias em Manica


Polícia de Trânsito, Chimoio, província de Manica, Moçambique
Polícia de Trânsito, Chimoio, província de Manica, Moçambique

Abertos 127 processos na sua maioria contra agentes da polícia, mas analistas políticas dizem que situação é bem pior.

O Gabinete provincial de Combate a Corrupção na província moçambicana de Manica tramitou 127 processos este ano de crimes económicos e corrupção praticados por dirigentes públicos.

O destaque é o aumento do envolvimento de agentes da Polícia da República de Moçambique.

Analistas políticos ouvidos pela Voz da América sugerem que a realidade é bem pior.

Os casos de corrupção e crimes económicos, que incluem abusos de cargo ou funções de dirigentes, violação de normas de execução de plano e orçamento, envolveram servidores públicos do sector da Polícia, saúde, educação e agricultura, consideradas áreas críticas na província.

O Gabinete que funciona há seis meses em Manica detectou a existência de instituições que pagam despesas de viagens a funcionários que, entretanto, não se deslocaram em missão e contratações de serviços pagas sem nunca terem sido fornecidos, disse aos jornalistas a porta-voz da instituição.

“A gestão danosa é uma situação que nos preocupa e tem tendência crescente na província”, destacou Domingos Julai.

Ela realçou ainda que agentes da Polícia de trânsito lideram a lista de corrupção com pedidos de “refresco”, em alusão à extorsão a que os condutores são sujeitos para livre trânsito nas estradas moçambicanas.

“Temos agora 27 processos e a cada mês temos constatado uma subida, só para terem ideia no mês de Março tivemos o registo de 15 processos e no mês de Abril registamos 22 processos e esse aumento já vínhamos constatando nos meses anteriores”, vincou Domingos Julai.


Do total de 127 processos-crimes abertos pela instituição 51 já foram remetidos aos tribunais.

Baixos salários e impunidade

Analistas moçambicanos ouvidos pela Voz da América consideram que esta é apenas a pequena corrupção que revela o panorama de uma situação endémica que teima em enraizar-se devido à chamada cultura de impunidade, sobretudo, gerada nas grandes corrupções.

Teotónio Pios diz que a implantação da cultura de impunidade nas instituições públicas contribuiu de certa maneira para o “à vontade” dos servidores públicos, apesar da situação estar a empurrar o país para um quadro grave de pobreza.

“Mas a questão preocupante é como é que se pode combater a corrupção com gente corrupta”, frisou Teotónio Pios, anotando que “não há nenhum caso punido conhecido que possa dissuadir a corrupção” em Moçambique.

Outro analista político, Wilker Dias, defende que os baixos salários na Polícia são reveladores para o comportamento corrupto na polícia de trânsito, cujos agentes são apenas parte de uma rede que sustenta as hierarquias policiais com os “refrescos” conseguidos nas estradas.

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