Tal como prometido, os criativos da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio-2016 mostraram a diversidade e a história do Brasil, num espéctaculo de cores, ritmos e energia através dos séculos, de forma sublime.
Com o deficiente espectáculo de abertura do Mundial de Futebol de 2014 em São Paulo e a recorrente denúncia de corte no orçamento inicial por parte dos responsáveis técnicos, a falta de fé era notável nos cariocas e na própria imprensa brasileira.
Com a soberba interpretação do hino nacional por Paulinho da Viola, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Seu Jorge, a música “bandeira” do Brasil, Garota de Ipanema, a acompanhar os passos da super-modelo gaúcha Gisele Bunchen, o samba de Zeca Pagodinho, Marcelo D2 e Elsa Soares, as linhas, curvas, rectas e sombras de Oscar Niemeyer embalaram os 50 mil presentes no mítico Maracanã e cerca de três milhões através do mundo numa viagem do início dessa terra “abençoada por Deus e bonita pela natureza” ao Brasil de hoje, moderno, pujante e que teve a coragem de assumir a organização dos primeiros Jogos Olímpicos realizados a “Sul”.
Com muita animação, a terra do Carnaval trouxe para o Maracanã a qualidade dos andores e engenhos das escolas de samba, ao mesmo tempo que os figurantes e dançarinos mostravam que tinham mesmo samba no pé.
O desfile das 206 delegações consumiu duas horas da abertura que, durou, no total, 3 horas e 55 minutos.
Além das atletas da casa que foram recebidos em apoteose no final do desfile, outros países tiveram recepções bem calorosas, como os Estados Unidos, Cuba, Haiti, Alemanha, Palestina e, em particular, a equipa olímpica dos refugiados.
A nota dissonante aconteceu quando o Presidente interino Michel Temer pronunciou a última frase da noite e por sinal a única dele: "após esse maravilhoso espectáculo, declaro abertos os Jogos Olímpicos do Rio, celebrando a 31a. Olimpíada da era moderna".
Nesse momento, Temer foi apupado mas a entrada de grandes atletas como Marta, Oscar Schmidt, Sandra Pires, Emanuel, Joaquim Cruz e Torben Grael deram o tom de fim de festa em que se aguardava nome de quem ia acender a tocha olímpica.
Para delírio dos brasileiros, o antigo tenista Guga Kuerten apareceu com a tocha, mas pelo caminho a entregou à antiga basquetebolista Hortência que, no final da passadeira, passou-a ao maratonista e medalha de bronze em Atentas-2004, Vanderlei Cardoso. O estádio parecia que ia arrebentar.Acesa a tocha olímpica, assitiu-se a um festival de cores e música, com o Maracanã a sentir, em cada uma das suas bancadas, a alegria das pessoas.
Brasileiros mostravam-se orgulhosos e eufóricos, como Amanda Ramos Areta, que é de João Pessoa.
“Estou arrepiada e fiquei emocionada ao ver a qualidade do espectáculo a cada movimento”, disse à VOA, realçando que “o que viu foi o Brasil.
Johnny McLellan é uma canadense que não se cabia em contente, mas não apenas pelo que viu.
A filha, Rosie McLellan, atleta de trampolim, foi a porta-bandeira do Canadá: “Muito emocionada, não só pela minha filha, mas também pelo espectáulo que foi fantástico”.
McLellan disse ter “conhecido o Brasil numa hora, pude ver a potência deste país”.
No momento em que termino esta crónica, é uma da manhã e o estádio está praticamente vazio.
Apenas encontram-se os empregados, que em menos de uma hora praticamente limparam o Maracanã, e jornalistas.
Os profissionais da imprensa não se cansam de elogiar o evento, enquanto aguardam o transporte para regressar aos hotéis.
É que mais tarde, às 10 horas, arrancam as provas.