A Igreja Católica deu o seu apoio ao combate à corrupção em Angola mas avisou que vai levar muito tempo e alertou que não pode ser seletiva.
A declaração foi feita pelo arcebispo de Saurimo, Dom Manuel Imbamba, no final de uma reunião da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) nesta terça-feira, 18, que, devido à pandemia do coronavírus, decidiu anular o ano letivo nos seminários de filosofia e teologia, excepto para os finalistas .
A conferência decidiu também confirmar como diretor geral da Rádio Eclésia o padre Augusto Epalanga.
Em conferência de imprensa, e após a leitura do comunicado final, o arcebispo Dom Manuel Imbamba disse que a Igreja está consciente que “não é um combate fácil sobretudo porque é um meio que se foi instalando no nosso meio durante muito tempo” e os angolanos “estão habituados à corrupção”.
“O seu combate vai levar muito tempo porque vai exigir, em primeiro lugar, uma verdadeira mudança de mentalidade e uma conversão pessoal”, acrescentou o arcebispo para quem esse combate “exigirá também dos gestores públicos uma consciência patriótica renovada”.
Evitar vinganças
O arcebispo sublinhou que o combate à corrupção exige também “um sistema de justiça forte... capaz de tratar da mesma maneira rico e pobre”.
Dom Manuel Imbamba fez notar ainda que a Igreja já tinha anteriormente avisado que o combate à corrupção deve ser levado a cabo de modo a preservar a paz e a evitar-se “vinganças no futuro”.
A justiça deve olhar para todos de modo igual “evitando aquilo que possa ser uma tendência mais ou menos seletiva”, mas sabendo que “é um mal a combater e portanto que haja justiça para todos”.
A preservação da paz “tão duramente alcançada que continua ainda em processo de consolidação” e da reconciliação nacional devem ser também prioridades, ainda de acordo com a CEAST.
Unir o povo sofrido
O arcebispo sublinhou a este respeito a existência já de comissões a trabalhar “para a reconciliação da própria história recente de Angola”.
Assim, no combate à corrupção devem-se usar “meios que ajudem a unir e não a separar este povo sofrido”, reiterou Dom Manuel Imbamba para quem esse combate deve também ter em conta “o momento atual em que vivemos” e para isso pensar na “salvaguarda dos empregos, a salvaguarda de alguma estabilidade económica”.
O arcebispo do Saurimo disse ainda que “o Estado precisa afinar mais os mecanismos de controlo, de fiscalização e de vigilância” e, nesse sentido, elogiou os governadores que têm tido a coragem de apontar erros e corrigi-los.
A este respeito fez menção do governador do Uíge, Sérgio Luther Rescova.