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Cerca de um milhão de deslocados no norte de Moçambique sem ajuda do PAM por falta de verbas


Activistas sociais alertam para a gravidade da situação e Programa Alimentar Mundial espera retomar ajuda em Março

O Programa Mundial Alimentar (PMA) interrompeu a ajuda alimentar a cerca de um milhão de deslocados da insurgência armada nas províncias do norte de Moçambique.

A VOA confirmou a informação junto de fontes daquela agência da ONU, cuja directora nacional e representante em Moçambique já tinha avisado para essa situação na semana passada, à margem da visita da embaixadora americana junto das Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, a Maputo.

Antonella D’Aprile revelou, na altura, que o PMA "tem disponível apoio humanitário que chegará ao fim em Janeiro" e que necessita de mais ajuda financeira para os próximos seis meses.

Antes, em Novembro, a agencia tinha advertido que, caso não recebesse os fundos a tempo, teria de parar a distribuicão da ajuda em Fevereiro nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa.

A VOA apurou ainda que o PAM está a tentar mobilizar recursos para retomar a assistência em Março.

O Programa necessita de 102.5 milhões de dólares para suprir as necessidades de assistência alimentar e humanitária dos deslocaos, a maioria a viver em abrigos temporários e bairros de reassentamento.


Refira-se que a assistência humanitária do PMA só foi interrompida nas províncias do norte de Moçambique, mantendo-se a assistência activa no resto do país.

Declarada pobreza

Ante esta situação, activistas sociais e defensores de direitos humanos em Cabo Delgado alertam que a suspensão da ajuda pode provocar um colapso humanitário, na medida em que a maioria dos deslocados ainda não atingiu a autossuficiência alimentar e vive dependente da ajuda.

O PMA “está a terminar de distribuir os produtos do mês de Janeiro aqui na cidade de Pemba”, confirma à VOA Flávia Alberto, uma activista social, que prevê dias maus para a população que vive dependente de ajuda humanitária.


Manuel Nota, também activista social, considera a interrupção da ajuda como “mais um sofrimento” para os deslocados que estão em centros de reassentamento, cuja porção de terra distribuída pelo Governo não produz o suficiente para seu sustento.

“O corte (da ajuda) significa declarar pobreza absoluta para as pessoas deslocadas” precisa Manuel Nota, também coordenador da Cáritas Diocesana, o braço humanitário da Igreja Católica.

Linda Thomas-Greenfield visita PMA em Maputo
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Os cortes de ajuda humanitária em Cabo Delgado, segundo Manuel Nota, estão a forçar o regresso da população às zonas de origem, apesar da insegurança.

“Tendem a terminar os financiamentos de emergência para Cabo Delgado, quando o conflito continua a provocar deslocações da população, apesar de ser de baixa intensidade", anota o responsável.

Estima-se que mais de 735.000 pessoas estejam deslocadas internamente em Moçambique devido ao conflito em Cabo Delgado, incluindo 663.276 em Cabo Delgado, 68.951 em Nampula e 1.604 em Niassa.

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