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CEDEAO aposta tudo na Cimeira Extraordinária de Dakar sobre segurança na região


Umaro Sissoco Embaló, Presidente da Guiné-Bissau e presidente em exercício da CEDEAO, Accra, Gana, 3 Julho 2022
Umaro Sissoco Embaló, Presidente da Guiné-Bissau e presidente em exercício da CEDEAO, Accra, Gana, 3 Julho 2022

A situação no Mali, Guiné-Conacri e Burkina Faso e as ameaças terroristas na África Ocidental levam os Chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) a se reunirem, mais uma vez, em Cimeira Extraordinária.

A capital do Senegal, Dakar, será a cidade anfitriã do evento, a realizar-se na próxima semana, e será a primeira reunião do género a ser presidida pelo Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, presidente em exercício da organização.

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A cimeira surge num contexto que, segundo o especialista em Relações Internacionais Fernando da Fonseca, “tem a ver um pouco com essa luta exacerbada pela conquista do poder, pela crise económica que vinha desde a pandemia da Covid-19, que acabou por criar dificuldade aos países, sobretudo africanos, que têm uma forte dependência da ajuda externa ao desenvolvimento, o que em alguma mediada levou a descrença da população no próprio sistema politico”.

Como consequência, Fonseca acrescenta que as populações não deram crédito aos políticos “que passaram a ver as forças militares como forças de salvaguarda”.

A projectada cimeira de Dakar acontece numa altura em que se regista uma tensão diplomática na sub-região, depois de o Presidente em exercício da CEDEAO Umaro Sissoco Embaló, advertir para pesadas sanções contra o Mali e a Guiné-Conacri.

Em resposta, Conacri desferiu duros ataques contra Embaló, o que, na opinião de Fernando da Fonseca, pode dificultar o processo do diálogo.

“As sanções que a CEDEAO sempre invoca em relação ao não cumprimento dos calendários programados, eu diria que isso também, de alguma forma, não vai ter grandes resultados, porque as sanções se demonstraram ineficazes”, aponta aquele analista político.

Por sua vez, também ouvido pela VOA, o analista político Rui Jorge Semedo diz ser “necessário que as comunicações e que as decisões partem do colégio dos presidentes, através de uma deliberação, ao invés de uma comunicação que aparenta ser apenas do Presidente em exercício".

Para ele, este facto “está a provocar ou provocou todo esse mal-estar e essa reacção de confrontação, que pretende também reduzir a relevância do actual Presidente em exercício da CEDEAO”.

A cimeira de Dakar é tida , para já, como crucial no aparente impulso da CEDEAO, com vista a aplicação de novas medidas sancionatórias contra as autoridades militares no Mali, Guiné-Conacri e Burkina Faso.

Semedo, no entanto, desaconselha o uso da força coerciva para fazer valer as decisões da CEDEAO, isto numa altura em que Sissoco Embaló insiste na criação de uma força “ante-golpe” a nível da sub-região.

“Imaginemos, por exemplo, se a CEDEAO decidir hoje ir repor, por via da força, a normalidade constitucional na Guiné-Conacri, Mali ou Burkina Faso, o que é que podermos esperar? Claro que isso vai incendiar toda a sub-região e a CEDEAO”, conclui aquele analista político.

Ao convocar a cimeira extraordinária na terça-feira, 4, Umaro Sissoco Embaló disse que o encontro visa “um debate sério e aprofundado em matéria de segurança” em decorrência do “surgimento de golpes de Estado registados no Mali, Guiné-Conakry e por duas vezes seguidas num curto espaço de tempo no Burkina Faso, bem como as acções terroristas desencadeadas pelos jihadistas, que têm atingido alguns países da nossa região”.

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