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Católicos debatem relações com governo angolano


Foto gentilmente cedida pelo jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano. Eduardo dos Santos e o Papa Francisco
Foto gentilmente cedida pelo jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano. Eduardo dos Santos e o Papa Francisco

Alguns afirmam que Igreja estará a pactuar com violações de direitos humanos

O Vaticano e o Governo de Angola deverão assinar em breve um acordo que vai permitir uma maior cooperação entre as duas partes.

Contudo, essa cooperação está a levantar algumas interrogações mesmo dentro da Igreja Católica.

A actual relação de parceria entre o Governo e a Igreja Católica angolana foi questionada em Luanda por figuras do clero durante uma sessão pública realizada na Universidade Católica de Angola na presença de bispos da CPLP que terminaram ontem na cidade de Benguela a sua 11a. reunião .

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A contestação interna foi assumida, entre outros, pelo presidente da Comissão Episcopal da Angola e São Tomé, Dom Gabriel Bilingi, pelo frei Júlio Candeeiro, secretário Geral do organizção não governamental Mosaikos Angola, e pelo conhecido bispo emérito do Huambo, Dom Francisco Viti, que consideram que, com o actual acordo de parceria, a Igreja Católica passou a pactuar com o Governo no que tange à violação direitos constitucionais dos cidadãos.

O secretário geral da organizção não governamental Centro Cultural Mosaiko, Instituto para a Cidadania, Frei Júlio Candeeiro disse que essa “parceria de interesses” não traz benefícios para a sociedade angolana.

“Há muitas questões para as quais nós devíamos tomar uma posição e influenciar, como advogados, e não esperar para reagir se está bem ou mal", disse, para quem a "Igreja só reage quando o assunto já veio ao terreiro"

Por seu turno, o presidente da Conferência Episcopal de Angola São Tomé (EAST) Dom Gabriel Mbilingi chamou a atenção para a necessidade da Igreja Católica resgatar a sua dimensão social, como parte do ministério de evangelização.

“Se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé, sem um horizonte de sentido e de vida”, declarou o sacerdote.

Por sua vez, o bispo emérito auxiliar de Luanda Dom Anastácio Kahango disse que as críticas que se fazem à parceria da Igreja Católica com o Governo não têm razão de ser.

No seu entender, a Igreja não perdeu a sua condição de defensor dos pobres: “Se uma mãe dá o seu peito ao filho, é dever dela, mas deve ser reconhecida que é uma boa mãe”, esclareceu.

O questionamento sobre o actual papel social da Igreja Católica, desta vez vindo de dentro do próprio clero, tinha sido feito há cerca de três anos pelo antigo primeiro-ministro angolano Marcolino Moco que acusou algumas figuras da Igreja Católica de estarem a ser manipuladas pelo Governo.

A assinatura de um acordo entre o Governo e a Igreja Católica, tido como um instrumento jurídico que permitirá uma maior da colaboração entre o Estado angolano e a Igreja Católica, foi anunciado na passada semana no final de um encontro entre os Bispos da Lusofonia e o chefe da Casa Civil da Presidência da República, Edeltrudes Costa.

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