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Caso "Lussaty" vai a julgamento no dia 28 com 49 arguidos e mais de 200 declarantes


Tribunal distrital de Luanda, Dona Ana Joaquina. Angola, 11 de Fevereiro 2022
Tribunal distrital de Luanda, Dona Ana Joaquina. Angola, 11 de Fevereiro 2022

Major foi detido em Maio de 2021 na posse de malas com 10 milhões de dólares e quatro milhões de euros, além de carros de luxo e casas

O julgamento do caso “Pedro Lussaty”, oficial das Forças Armadas Angolanas (FAA) ao serviço da Presidência da República, está marcado para começar no dia 28 no Tribunal Provincial de Luanda (TPL).

Ele e mais 48 arguidos são acusados dos crimes de peculato, recebimento indevido de capitais, associação criminosa, participação económica em negócio, abuso de poder, comércio ilegal de moeda, branqueamento de capitais, entre outros, segundo despacho do juiz da 3a. Secção da Sala dos Crimes Comuns.

O major Pedro Lussaty, principal figura da chamada“Operação Caranguejo”, levada a cabo pelo Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE), foi detido a 12 de Maio de 2021, no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, na posse de quatro malas com 10 milhões de dólares e quatro milhões de euros.

Mais tarde descobriu-se que o então chefe das Finanças da banda musical da Presidência da República tinha uma frota de vários carros de luxo e apartamentos, inclusive no exterior.

O julgamento irá ouvir também mais de duas centenas de declarantes, entre eles os generais Hélder Vieira Dias "Kopelipa", Serqueira João Lourenço (irmão do Presidente João Lourenço), Eusébio de Brito Teixeira, João Chindande, Inocêncio Yoba e Higino Carneiro.

Devido à enorme quantidade de pessoas a serem ouvidas, as sessões do julgamento vão acontecer no Centro de Convenções de Talatona, em Luanda.

O caso

As audiências estão programadas para até 12 de Agosto.

Pedro Lussaty encontra-se em prisão preventiva no Hospital Prisão de São Paulo.

Recorde-se que, na sequência da prisão de Lussaty, o Presidente da República demitiu, a 31 de Maio, de 2021, o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião.

Uma semana antes, João Lourenço tinha feito uma limpeza naquela estrutura, ao exonerar seis oficiais generais.

Uma fonte da Casa de Segurança da Presidência da República revelou à VOA que a operação integra "um esquema antigo em que estão envolvidos muitas altas patentes" das FAA.

A mesma fonte acrescentou que o major Pedro Lussaty vinha a ser seguido após um negócio com o general Bento Kangamba, quem lhe terá vendido uma residência na Espanha.

Quando as autoridades espanholas alertaram as suas congéneres angolanas sobre a existência de um novo dono da referida residência, o major Lussaty foi notificado três vezes mas não compareceu, e, então, as autoridades judiciais passaram a segui-lo e "fizeram o devido levantamento da sua ficha em Luanda".

Na semana passada, durante a entrevista a 12 órgãos de comunicação social angolanos, o Presidente da República defendeu a sua luta contra a corrupção e felicitou a justiça por não julgar apenas “ladrões de galinhas”.

Ele disse que o caso “Pedro Lussaty” não estava morto e que iria a julgamento em breve.

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