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Caso Lussaty: Generais dizem desconhecer origem do dinheiro e tribunal pode não ter respostas


Tribunal distrital de Luanda, Dona Ana Joaquina. Angola, 11 de Fevereiro 2022
Tribunal distrital de Luanda, Dona Ana Joaquina. Angola, 11 de Fevereiro 2022

Jurista admite absolvição dos réus

Os generais que testemunharam nesta semana no julgamento do conhecido “Caso Lussaty”, que decorre no Tribunal da Comarca de Luanda, foram unânimes em dizer que desconheciam a origem dos milhares de dólares, euros e kwanzas que a polícia diz ter encontrado na posse do major Pedro Lussaty, antigo tesoureiro da banda musical da Presidência da República.

Em Luanda, nos círculos políticos e de análise ficam muitas dúvidas sobre este caso.

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O jurista e professor universitário Albano Pedro diz que o tribunal não tem outra solução senão deixar cair o processo, que vai culminar com a absolvição dos 49 arguidos.

“Dizem que o dinheiro não é do Estado, já não se pode dizer que saiu, nesta altura se o Lussaty e outros estão a ser acusados de desvios do erário público, uso de bens colectivos, desmonta-se a ideia de que esses bens pertencem ao Estado, automaticamente não importa de onde tenha vido estes bens, portanto o processo vai já não tem como prosperar”, considera Pedro.

Aquele jurista diz que a insistência do coronel Manuel Correia em dizer que dava malas de dinheiro eram entregues ao general Eusébio de Brito Teixeira, não sustenta a prova exigida em tribunal.

“A dada altura, até o que diz que entregou malas de dinheiro fica numa condição de doido, porque quem devia dizer onde sai o dinheiro diz que não saiu nada”, concluiu aquele jurista.

Caso Lussaty: General brito nega ter recebido malas de dinheiro
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Por seu lado, o antigo deputado Makuta Nkondo é de opinião que o não conhecimento da origem dos milhões mostra como Angola está desgovernada.

“Isso tudo é para ver que o país está desgovernado, até na Presidência da República, há uma confusão, não saiu da Casa Militar ,não saiu dos generais, afinal o que se passa?”, questiona aquele antigo jornalista.

Generais no tribunal

No tribunal, na quarta-feira, 12, ao falar como testemunha o antigo ministro e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Manuel Vieira Dias “Kopelipa”, negou qualquer envolvimento ou conhecimento do desvio de milhões de dólares da Presidência.

O antigo braço direito de José Eduardo dos Santos disse que a planificação e execução orçamental da Casa de Segurança da Presidência da República não era de sua responsabilidade, mas admitiu que lhe cabia aprovar os gastos.

Na terça-feira, o antigo coordenador do Batalhão de Transporte Rodoviário da Casa Militar da Presidência da República, general Eusébio de Brito Teixeira, negou também ter recebido malas de dinheiro das mãos do comandante da Unidade, coronel Manuel Correia que, em confrontação, reafirmou no Tribunal de Comarca de Luanda lhe ter entregue várias malas de dinheiro nas suas residências de Cuando Cubango, Kwanza Sul e Luanda.

Teixeira negou também a existência de um despacho emitido pelo general Hélder Vieira Dias “Kopelipa” a orientar a inserção de pessoal para a Casa de Segurança.

O caso

O major Pedro Lussaty foi detido na “Operação Caranguejo” na posse de milhões de dólares e euros, bem como vários imóveis no país e no exterior e carros de luxo.

Ele e 48 arguidos são acusados de crimes de peculato, associação criminosa, recebimento indevido de vantagens, participação económica em negócios e abuso de poder e também de fraude no transporte ou transferência de moeda para o exterior do País, comércio ilegal de moeda, falsificação de documentos, branqueamento de capitais e de falsa identidade.

O major disse sempre que o dinheiro é dele fruto do seu trabalho.

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