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Cabo-verdianos na América: uma emigração com séculos de história


Cape Verdean Museum Exhibit, Providence, Estados Unidos
Cape Verdean Museum Exhibit, Providence, Estados Unidos

De escravos a marinheiros, à integração na sociedade americana.

Os primeiros escravos que chegaram a Porto Rico e a Cuba foram cabo-verdianos e há registos de que das ilhas viajaram também os primeiros escravos que arribaram ao México e, posteriormente, ao Texas.

Quem o diz é Ivonne Smart, uma das responsáveis do único museu dedicado exclusivamente a Cabo Verde nos Estados Unidos e no mundo, o Cape Verdean Museum Exhibit, na cidade de Providence, no Estado de Rhode Island.

Yvonne Smart, Cape Verdean Museum Exhibit, Providence, Estados Unidos
Yvonne Smart, Cape Verdean Museum Exhibit, Providence, Estados Unidos

Smart, filha de cabo-verdiana, orgulha-se da história dos filhos das ilhas que, segundo historiadores, lembram que desde o seu achamento pelos portugueses em 1460, os habitantes de Cabo Verde procuraram outras paragens para fugir à seca e às fomes

Mais tarde, os escravos foram levados para a América do Sul e Central, para, no início do século 18, os baleeiros americanos que navegavam pelo sul do Atlântico, parar em Cabo Verde para se abastecerem de água e comida, mas também de homens conhecidos como bons marinheiros.

No século 18, chegaram os primeiros imigrantes das ilhas “não em New Bedford, mas em Nantucket”, lembra Smart.

Registos históricos indicam que, por volta de 1750, navios baleeiros americanos aportavam regularmente a Cabo Verde e, em 1840, mais de 40 por cento dos caçadores de baleias de Nantucket eram cabo-verdianos.

Romana Ramos, activista cabo-verdiana, Estados Unidos
Romana Ramos, activista cabo-verdiana, Estados Unidos

Como toda a imigração, a vida na América não foi fácil, entre lutar pela sobrevivência e enfrentar também problemas de integração.

“Devido à discriminação de que os negros eram alvo aqui, muitos cabo-verdianos diziam que não eram negros, mas portugueses, porque Cabo Verde era uma colónia, e isso criou muitos conflitos com os americanos, principalmente os afro-americanos", conta,

Hoje, admite-se que existem cerca de 400 mil cabo-verdianos nos Estados Unidos, a grande maioria na nova Inglaterra.

Virgínia Gonçalves reconhece que hoje se assumem "como cabo-verdianos e os descendentes interessam-se cada vez mais por conhecer as suas origens.

"Temos orgulho na nossa história e na nossa origem, somos cabo-verdianos e há cada vez mais interesse, principalmente dos descendentes de ir a Cabo Verde, de estudar, de conhecer as suas origens", destaca Gonçalves.

Romana Ramos, presidente durante uma década de uma das mais importantes organizações de cabo-verdianos, a CACD (Cape Verdean American Community Development), na cidade de Pawtacket, considera que a integração é total, nomeadamente na vida social, política e económica.

"Tivemos um speaker, ou seja presidente da Assembleia do Estado de Rhode Island, juizes, directores de Saúde, de escolas, empresários, activistas sociais, na verdade estamos completamente integrados", congratula-se Ramos.

Moisés Rodrigues, activista comunitário cabo-verdiano
Moisés Rodrigues, activista comunitário cabo-verdiano

Entretanto, há muitos problemas de integração também nas novas gerações de imigrantes, com muitos jovens a entrarem para o mundo do crime.

Moisés Rodrigues, presidente da Associação Cabo-Verdiana de Brockton, explica o problema com a falta de comunicação entre pais e filhos, bem como diferentes níveis de integração na sociedade americana.

Acompanhe a reportagem:

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