Links de Acesso

Cabo Verde:“Democracia não se esgota apenas na realização da eleição" e PM destaca prestígio do país


Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, no lançamento do livro “Angola, Nôs Lágrima É Igual”, Praia, 4 Novembro 2022
Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, no lançamento do livro “Angola, Nôs Lágrima É Igual”, Praia, 4 Novembro 2022

País assinalou 32º aniversário das primeiros eleições democráticas

O Presidente de Cabo Verde afirmou que a democracia cabo-verdiana “não vai bem”, quando cerca de 73 mil cidadãos vivem em situação de extrema pobreza e 46 mil em situação de crise alimentar aguda, apesar da realização regular das eleições e respeito pelos resultados.

A afirmação de José Maria Neves foi feita na sessão solene do Parlamento que assinalou nesta sexta-feira, 13, o 32º aniversário das primeiras eleições democráticas.

Entretanto, em declarações a jornalistas, o primeiro-ministro destacou a existência de uma democracia “representativa e muito prestigiada” no mundo, devido ao 13 de Janeiro 1991.

Na sua intervenção na Assembleia Nacional, o Chefe de Estado disse que a democracia cabo-verdiana contabiliza ganhos, principalmente pela estabilidade política, forças políticas que se sucedem à frente dos destinos do país, sem sobressaltos e sempre com respeito pelas escolhas feitas nas urnas.

Democracia, "a nossa não vai vem"

“A nossa democracia é geralmente apontada como referência pela comunidade internacional”, afirmou José Maria Neves, quem no entanto, alertou que a “democracia não se esgota apenas na realização da eleição, por mais que ela ocorra com pontualidade, e os seus resultados sejam sempre respeitados”.

"A nossa não vai bem, quando cerca de 73.000 cabo-verdianos vivem em situação de extrema pobreza e aproximadamente 46.000 em situação de crise alimentar aguda; o desemprego jovem é elevado, a inflação atinge principalmente as famílias mais carenciadas e a desigualdade aumenta. De salientar que a condição de pobreza não é uma opção, sendo que ela fere a dignidade humana e é um terreno fértil para o condicionamento do voto”, afirmou.

Neves defendeu ser urgente uma reforma global do Estado e da Administração Pública, "com medidas estruturantes e enfatizou que a democracia também se realiza, quando os cabo-verdianos tiverem melhores condições de mobilidade entre as ilhas, quando a justiça for mais célere e diminuir a sensação de impunidade, quando a violência urbana for reduzida através de estratégias capazes de agir mais na prevenção do que na repressão”.

Primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, em entrevista à Voz da América em Washington, DC, em 15 de dezembro de 2022
Primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, em entrevista à Voz da América em Washington, DC, em 15 de dezembro de 2022

Democracia sob ataque

Ao começar o discurso o Presidente cabo-verdiano citou a invasão sedes de poder no Brasil, que configura, segundo ele, um alerta vermelho e um aviso à navegação para todos os países que optaram pela Democracia como regime político.

“Infelizmente, somos levados a concluir que a democracia se encontra sob ataque, sofrendo erosão e recessão por forças que, no seu bojo e aproveitando-se dos seus nutrientes, investem contra as instituições democráticas, provocando fissuras nos seus pilares", alertou o Presidente de Cabo Verde, que concluiu dizendo que a democracia "é, acima de tudo, uma construção colectiva, e para benefício de todos, sem excepção".

PM destaca democracia “representativa e muito prestigiada”

Por seu lado, o primeiro-ministro, que pertence ao partido que venceu as primeiras eleições democráticas, MpD, realçou o facto de o país ter democracia “representativa e muito prestigiada” no mundo, e disse que, cito, temos todas as razões para que a nação cabo-verdiana comemore e celebre esta data”.

Ulisses Correia e Silva também destacou que “as ameaças à democracia são globais, porque todos dias é visto na comunicação social o que está a passar no mundo, como o extremismo, o populismo, nacionalismo manipulado, imediatismo e a amplificação do fenómeno nas redes sociais".

Ele defendeu ainda o reforço das constituições e do sistema político e "a capacidade de interacção com os cidadãos e a confiança nas instituições e na democracia”.

Correia e Silva lembrou que Cabo Verde tem uma “representativa e muito prestigiada” democracia porque, no 13 de Janeiro de 1991 houve uma ruptura com o sistema que existia a nível político, económico e social.

Fórum

XS
SM
MD
LG