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Benguela: Polícia trava manifestação de famílias desalojadas na visita de João Lourenço


Polícia trava manifestação de famílias desalojadas na visita de João Lourenço a Benguela
Polícia trava manifestação de famílias desalojadas na visita de João Lourenço a Benguela

A Polícia Nacional de Angola (PNA) impediu neste sábado, 20, a circulação de antigos moradores das Salinas, em Benguela, enquanto decorria a visita do Presidente da República, João Lourenço, o destinatário de mensagens preparadas para uma manifestação pacífica.

Presidente angolano João Lourenço em Benguela, 20 de Fevereiro 2021
Presidente angolano João Lourenço em Benguela, 20 de Fevereiro 2021

Na deslocação à Baía Farta, onde o Chefe de Estado angolano visitou um hospital com mais de cem camas, a VOA observou vários agentes da Polícia, acompanhados de cães e cavalos, ao redor do magistério Lúcio Lara, onde as autoridades instalaram as centenas de famílias desalojadas do bairro destruído há oito meses.

Populares ajoelhados perante agentes da ordem, de braços levantados, pediam liberdade para mostrar ao PR cartazes com “mensagens construtivas”.

À VOA, João Valeriano, um dos porta-vozes das famílias, explicou que a Polícia esteve atenta aos seus movimentos durante mais de cinco horas.

“Aqui está mal, não podemos sair. Já sabíamos que seria assim”, resumiu Valeriano.

Antes da deslocação à vila piscatória, com passagem pela via que seria aproveitada pelos ex-moradores das Salinas, João Lourenço esteve na fábrica têxtil, adjudicada ao grupo empresarial zimbabueano, Baobab Cotton, que vai gerir um investimento que custou ao Estado 420 milhões de dólares americanos.

Ao mesmo Estado, a Comissão Sindical dos 437 ex-operários cobra uma dívida de um milhão e quinhentos mil dólares, relativa a salários, indemnização e segurança social.

Não há registo de qualquer tentativa de protesto neste caso, mas o primeiro secretário da Comissão Sindical, Rogerio Cabral, disse que pretendia solicitar ao Presidente celeridade na solução de um problema que se arrasta há vinte anos.

“Podemos voltar à carga, voltar a protestar. Só que desta vez não com vigílias, mas podemos acorrentar os portões”, avisa o sindicalista.

Confrontada com esta situação, a ministra de Estado da Acção Social, Carolina Cerqueira, disse que o diálogo é a melhor solução, mas vincou que “o actual Executivo existe há apenas quatro anos”.

Tal como Cerqueira, o Presidente angolano admitiu a inserção de familiares de antigos operários na fábrica, algo já referenciado pela Comissão Sindical, que não abdica, no entanto, das suas reivindicações.

“Podem entrar alguns dos filhos, mas a gestão é outra, este grupo empresarial vai definir os critérios”, avançou João Lourenço.

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