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Justiça com as própias mãos na Beira


Dois homens incendiados na Beira
Dois homens incendiados na Beira

Dois homens linchados esta madrugada.

Dois homens foram linchados na madrugada desta quarta-feira, 12, na Beira, Sofala, centro de Moçambique, subindo para três o número de vitimas da “reedição do fenómeno da justiça popular” numa semana.

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Daniel Macuaca, porta-voz da Polícia de Sofala, disse que os dois homens foram surpreendidos por populares a roubar em residências no bairro da Manga, quando tiveram os pés amputados e depois enrolados e incendiados.

Um morreu no local e outro a caminho do Hospital Central da Beira.

“Quando suspeitam que seja alguem de má conduta optam pela justiça pelas próprias mãos, e nós condenamos estas práticas”, disse Macuacua, afiançando que o novo Código Penal criminaliza os linchamentos, sendo que decorre um trabalho de sensibilização para não se aderir ao fenómeno, mas também acções de responsabilização pelo crime.

Na semana passada, um jovem morreu linchado, após ser indiciado de roubo num bar do mesmo bairro.

Dados da polícia indicam que nos últimos três meses pelo menos oito pessoas foram vitimas da justiça popular no bairro da Manga, um dos mais populosos bairros da segunda maior cidade de Moçambique.

A polícia assegura que está a trabalhar para criminalizar os mentores dos actos e neutralizar a prática da justiça pelas proprias mãos, que não raras as vezes atinge inocentes.

“Há um trabalho no terreno que se está a fazer, que envolve as instituições de justiça, portanto há uma série de acções que devem ser desencadeadas. Todas as provas serão constituídas para levar as pessoas ao tribunal”, precisou Daniel Macuacua.

A onda de linchamento começou em 2006 em Sofala e Manica, durante revoltas populares sobre a impunidade policial na região. As provincias de Manica e Sofala (centro) e Maputo (sul) lideram os casos de linchamentos no país, segundo a pesquisa da Liga dos Direitos Humanos (LDH).

Em 2012, os governos de Manica e Sofala iniciaram uma campanha de capacitação de lideres comunitários, religiosos e outras figuras influentes nas comunidades sobre o funcionamento da máquina da justiça e procedimentos processuais, para evitar linchamentos.

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