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"Batalha" em torno do funeral de José Eduardo dos Santos pode afectar a imagem de Angola


João Lourenço (esq), Presidente de Angola, e António Guterres (dir), secretário-geral da ONU, Nova Iorque
João Lourenço (esq), Presidente de Angola, e António Guterres (dir), secretário-geral da ONU, Nova Iorque

Analistas políticos advertem para impacto também na campanha eleitoral

A “batalha” em torno do funeral do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, entre a familia e o Governo, pode vir a ter impacto na imagem de Angola.

“Guerra” do funeral de Dduardo dos Santos pode afectar imagem do governo angolano - 2:26
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Analistas políticos advertem também que a não realização do funeral em solo angolano não ajudará na reeleição do Presidente João Lourenço, actualmente em pré-campanha.

Pode ser “um desaire para a sua campanha pela reeleição”, admite o jornalista angolano, Ilídio Manuel, para quem a não realização do funeral em Angola nos próximos tempos também “vai fragilizar o próprio Estado, uma vez que pretende-se passar a imagem que José Eduardo dos Santos pertence mais ao Estado do que à família”.

JES recordado em Benguela
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Já o líder da Associação Paz, Justiça e Democracia (AJP), Serra Bango, entende que o Presidente João Lourenço está a perder a batalha judicial pelo enterro, em Angola, do antigo Chefe de Estado, “o que não contribui para a sua imagem externa”.

Aquele responsável associativo considera, contudo, que qualquer que venha ser o desfecho deste caso não vai ofuscar a imagem de João Lourenço, enquanto candidato à sua própria sucessão por, segundo afirmou, “já estar em campanha faz tempo” e, por outro lado, “a nossa população ainda não tem a maturidade suficiente para julgar os comportamentos dos governantes na época das eleições”.

Por seu turno, o advogado Salvador Freire considera que o Governo está a negociar mal com a família de José Eduardo dos Santos.

“Todos eles são militares”, afirmou o jurista que sugere a integração na equipa governamental de figuras da sociedade civil.

Negociações

O Governo angolano enviou para Barcelona para negociar com a família uma delegação encabeçada pelo ministro de Estado e Chefe da Casa Militar, Francisco Furtado, integrada também pelo procurador-geral da República, Hélder Pita Groz.

Informações postas a circular pela imprensa na Espanha, em Portugal e em Angola indicam que a família encontra-se dividida, entre a viúva Ana Paula dos Santos e seus três filhos de um lado, e os demais filhos, do outro, com estes a recusarem o funeral antes do dia das eleições, 24 de Agosto.

Por outro lado, tudo indica que a decisão sobre quem tem autoridade para permitir a transladação do corpo do antigo Presidente para Angola vai ser tomada por um tribunal espanhol.

Ontem, o vice-procurador-geral da República, Mota Liz, assegurou que as filhas do antigo Presidente, Isabel dos Santos e Tchizé dos Santos, que têm mandados de prisão contra elas no país, não serão detidas se forem a Angola para o funeral porque a própria lei exclui essa possibilidade.

Também ontem, o procurador-geral da República disse à imprensa pública angolana que a autópsia revelou que José Eduardo dos Santos não foi envenenado, como disse Tchizé dos Santos quando pediu a realizção do procedimento, aceite pela justiça espanhola.

José Eduardo dos Santos, que dirigiu o país de 1979 a 2017, morreu no dia 8 em Barcelona por doença.

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