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Autoridades brasileiras investigam possível crime de genocídio contra os yanomamis e Bolsonaro fala em farsa


Indígenas yanomamis em Alto Alegre, Roraima, Brasil, 1 Julho 2020
Indígenas yanomamis em Alto Alegre, Roraima, Brasil, 1 Julho 2020

Mais de 500 crianças indígenas morreram nos últimos quatro anos na região, onde o número de garimpeiros chegou a 20 mil, quase o tamanho da população de 28 mil povos originários na região.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, do Brasil, Flávio Dino, determinou a abertura de um inquérito policial para apurar o que admite ser um crime de genocídio na terra indígena Yanomami, o maior povo originário do Brasil, no Estado de Roraima.

A opinião é corroborada pela ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.

Mais de 500 crianças indígenas morreram nos últimos quatro anos na região, onde o garimpo ilegal avançou na Amazónia, contaminando a água e, por conseguinte, uma contaminação generalizada entre os índios.

Nos últimos quatro anos, o número de garimpeiros chegou a 20 mil, quase o tamanho da população de 28 mil povos originários na região.

O garimpo contamina a água, fonte essencial dos indígenas para a hidratação - que causou centenas de mortes.

Estevão Senra, pesquisador do Instituto Socioambiental, afirma que também houve cortes nos recursos para a saúde dos indígenas, o que foi crucial para agravar a situação.

“É uma das maiores tragédias que tem acontecido em solo brasileiro. Estamos falando não é de hoje. As lideranças indígenas têm denunciado sistematicamente ao estado brasileiro. Você tem uma situação de desnutrição severa em crianças de até cinco anos, com 80% delas em quadro de déficit nutricional”, disse Senra.

Nesta semana, uma comitiva do Governo federal visitou o povo indígena e, na sequênca, o Presidente Lula decretou emergência de saúde pública.

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirma que o que aconteceu no povo Yanomami foi um genocídio.

“Houve um negligenciamento muito grande em relação à saúde indígena. é uma genocído programado. Se não há um planejamento pra atender e levar a saúde de forma eficiente é sim um genocídio planejado”, considerou a ministra.

O sistema judicial brasileiro está a investigar as mortes e a analisar se há indícios de genocídio nas mortes das crianças yanomamis.

O Governo federal já demitiu mais de 60 funcionários que actuavam diretamente com a saúde dos povos indígenas.

Jair Bolsonaro fala em farsa da esquerda

Caso a justiça considere que houve irregularidades e omissão do Estado, o ex-Presidente Jair Bolsonaro pode ser responsabilizado pelos crimes.

Nas redes sociais, Bolsonaro defendeu-se e disse que as acusações são uma farsa da esquerda.

“Contra mais uma farsa da esquerda, a verdade: os cuidados com a saúde indígena são uma das prioridades do Governo federal. De 2019 a Novembro de 2022, o Ministério da Saúde prestou mais de 53 milhões de atendimentos de atenção básica aos povos tradicionais, conforme dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS, o SasiSUS”, escreveu Bolsonado na sua página Telegram na mensagem.

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    Edgar Maciel

    Edgar Maciel é jornalista multimédia desde 2011, formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, no Brasil. Nos últimos anos, acumulou experiências em importantes rádios, canais de TV e portais de Internet brasileiros.

    Baseado em São Paulo, actualmente é coordenador multimédia da revista Veja e correspondente da Voz da América. Como principais temas, cobre política, sociedade e cultura brasileira.

     

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