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Aumenta clima de tensão entre UNITA e televisões públicas


Protesto em Luanda contra reforma eleitoral, 11 de Setembro 2021
Protesto em Luanda contra reforma eleitoral, 11 de Setembro 2021

Sindicato dos Jornalistas Angolanos e MISA-Angola criticam boicote à UNITA anunciado pela TPA e TVZimbo e pedem recuo da decisão

O clima de tensão política acirra-se em Angola, a um ano ano das eleições gerais.

Televisões públicas boicotam UNITA - 2:37
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Como a VOA noticiou ontem, as duas televisões estatais, TPA e TV Zimbo, decidiram não fazer a cobertura de nenhum evento organizado pela UNITA nem entrevistar membros ligados ao maior partido na oposição até que a direcção se retrate pelos actos que aqueles órgãos consideram de impedimento e agressão a que seus representantes terão sofrido na marcha do sábado, 11, em Luanda.

A UNITA classifica de absurdo o posicionamento daqueles órgãos de comunicação, enquanto as organizaçoes de jornalistas, MISA-Angola e Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) condenam a postura dos canais públicos e pedem que recuem na decisão.

O porta-voz do maior partido da oposição Marcial Ndashala diz que a atitude da TPA e da TVZimbo é "ridícula e inaceitável".

"Para além dos comunicados destas estações televisivas, veio depois outro comunicado do Ministério da Comunicação Social e outro do Bureau Político do MPLA, nós não somos ingénuos e a UNITA nunca vai pedir desculpas a esses órgãos, como é pretensão, a TPA e a TVZ que são pagas com dinheiro de todos nós está a jogar um papel deplorável e ridículo”, sustenta Ndashala.

As reacções também surgem de organizações de jornalistas.

O SJA, através de um comunicado, aconselha as direcções dos dois órgãos de comunicação a arranjar outras formas para resolver o problema.

"O sindicato apela às direcções das duas estações televisivas a usarem o diálogo como caminho mais sensato, da mesma forma que apela aos jornalistas a se absterem de disputas políticas sob pena de subverterem a neutralidade que lhes cabe nestas e outras circunstâncias", conclui o secretário-geral,Teixeira Cândido

Por seu turno Guilherme da Paixão, da antena nacional do Instituto de Comunicação da África Austral, MISA-Angola, apela os dois órgãos televisivos a recuarem enquanto há tempo na decisão porque em seu entender viola a Constituição.

"Condenamos a medida da TPA e da TV Zimbo e (pedimos) a recuarem enquanto é tempo”, diz Paixão questionando se, caso o presidente da UNITA não se retrate, se esses “orgãos vão até às eleições com boicote a este partido e comoé que fica a democracia de informação e o pluralismo?”.

Aquele responsável acrescenta que “nenhum órgão de comunicação e ainda estatal tem a prerrogativa daquele disparate que ouvimos ontem que é tão baixo que chegamos à mediocridade comunicacional”.

Guilherme da Paixão conclui que "por mais que tenha eclodido uma bomba lá, o direito a informação é constitucional".

O jornalista e analista político Ilídio Manuel é de opinião que “as duas televisivas estão a comportar-se como se a UNITA fosse seu adversário ou inimigo, esses dois órgãos nunca foram imparciais muito menos usaram um jornalismo de referência como fazem crer as suas propagandas como jornalismo universalmente aceite”.

“Aquilo que fazem é mais uma máquina de propaganda que propriamente jornalismo", concluiu.

Poder reage

O Governo, através do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS), também repudiou ”os actos de intimidação e de agressão contra os profissionais de imprensa” e considerou ser “uma atitude inqualificável e de violação ao exercício da liberdade de imprensa”.

O Secretariado do Bureau Político do MPLA, partido no poder, pediu às entidades para “chamarem à responsabilidade os autores do acto bárbaro, que colocou em causa a integridade física e a dignidade dos profissionais da informação, que estavam devidamente identificados e em pleno exercício das suas nobres funções”.

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