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Ativistas moçambicanos exigem justiça para instrutores da polícia acusados de engravidar instruendas


Várias organizações da Sociedade Civil exigem que os instrutores que engravidaram 15 instruendas na Escola Prática da Polícia de Matalana sejam responsabilizados e as mesmas reintegradas na corporação.

A ativista Josina Machel, filha do primeiro presidente de Moçambique, foi uma das primeiras que pediram a prisão e expulsão do Estado dos instrutores da polícia acusados.

Ativistas exigem justiça no caso de instrutores da polícia acusados de engravidar instruendas em Matalana
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A cada dia, mais vozes defendem que seja feita a justiça, uma vez que há indícios de abuso de direitos das instruendas.

“Para além de um caso de crime de assédio sexual, este é um acto de violência baseada no género; é um acto de abuso de poder sistémico e estrutural”, diz Tassiana Tomé, do Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil.

Além disso, diz Tassiana, o que aconteceu com as jovens instruendas foi “um ato de corrupção naquela que nós entendemos que é uma das principais instituições do Estado, senão a principal, responsável por garantir a proteção de todas as cidadãs e de todos cidadãos de qualquer forma de abuso e de violência, e de zelar por uma conduta ética e justa”.

“O que é que o ministério do Interior está a fazer para proteger a mulher nos centros de formação? O que está a fazer para proteger as mulheres políciais nas suas posições ou dentro do próprio ministério”, questiona Ana Cristina, da Associação Sol.

Chefe da Justiça ainda não se inteirou…

Enquanto a sociedade civil exige julgamento e responsabilização, a Ministra da Justiça, Helena Kida, assume que ainda não teve tempo para inteirar-se sobre o assunto.

“Eu devo primeiro documentar-me para saber o que efetivamente aconteceu em Matalana. Estaria a ser quase leviana se tentasse abordar uma situação que nós ainda não tivemos tempo suficiente para perceber os contornos do que aconteceu”, disse Kida.

O facto de as instruendas serem mulheres e de estarem grávidas não lhes retira nenhum direito, incluindo o direito a graduação e posteriormente a reinserção na polícia e ao devido salário
Tassiana Tomé

O Provedor de Justiça, Isac Chande, disse que “näo tenhamos ilusões” que aquele comportamento acontece apenas em Matalana. “O mais importante é que sinto que a sociedade moçambicana condenou essa attitude”.

Enquanto não se faz justiça, Tassiana Tomé exige a reintegração das vítimas na corporação policial.

“Nós defendemos que as instruendas não podem ser duplamente vitimizadas com medidas que as prejudicam é que não punem efectivamente aqueles que são de facto os perpetradores,” diz.

E mais: “O facto de as instruendas serem mulheres e de estarem grávidas não lhes retira nenhum direito, incluindo o direito a graduação e posteriormente a reinserção na polícia e ao devido salário”.

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