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Brasil: analistas abordam corrupção na política


Dilma Rousseff e seu antecessor Luiz Inacio "Lula" da Silva
Dilma Rousseff e seu antecessor Luiz Inacio "Lula" da Silva

Os escândalos de corrupção, afectando vários ministros, devem enfraquecer a gestão da presidente Dilma Rousseff (PT), ou vão acabar virando uma marca forte do governo da mandatária? Essa pergunta, feita constantemente no Brasil e no exterior, ganha mais destaque neste fim de 2011, com o encerramento do primeiro ano da administração da pêtista.

Os escândalos de corrupção, afectando vários ministros, devem enfraquecer a gestão da presidente Dilma Rousseff (PT), ou vão acabar virando uma marca forte do governo da mandatária? Essa pergunta, feita constantemente no Brasil e no exterior, ganha mais destaque neste fim de 2011, com o encerramento do primeiro ano da administração da pêtista.

Na opinião do cientista político, Bruno Reis, a queda do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, o sétimo de uma série de demissões que marcou o primeiro ano do governo Dilma Rousseff, reflecte as deficiências do sistema político brasileiro. Apesar disso, para o analista, os escândalos têm dado mais poder de negociação para a presidente, que antes governava com uma equipe montada por seu antecessor. “Tendo sido eleita graças ao apoio do Lula ela, naturalmente, montou um Ministério que incluía forte continuidade dele. Provavelmente, todos esses escândalos, apesar do desgaste, podem ter facilitado a organização da rotina da convivência com o PMDB e outros partidos no governo. O facto de terem muitos ministros na berlinda com denúncias para sair, provavelmente, alargou a margem de manobra da presidente Dilma na concessão de cargos, nas nomeações, na forma de lidar com a sua base,” afirma.

Mas, nesse contexto, destaca o estudioso, é preciso lembrar que, apesar do governo parecer disposto a usar o combate à corrupção como marca da gestão Dilma, os escândalos também serão sempre capitalizados pela oposição, com objectivo contrário. “O mesmo conjunto de notícias vai ser usado pela oposição para caracterizar o governo como corrupto e usado pelo governo para se caracterizar como empenhado na faxina. Na verdade, são as duas coisas, existe corrupção e tem havido empenho crescente e eficaz em dificultar isso,” explica Reis.

Para o analista, de forma geral, o actual momento relacionado com combate á corrupção no Brasil vai muito além do governo Dilma, ou da actuação da sua oposição. Esse momento faz parte de uma trajectória do Brasil de amadurecimento dos mecanismos contra actos ilícitos. “Até onde dá para enxergar, o que se percebe é uma melhoria do sistema de controlo da operação do Estado no Brasil. Você tem dentro do executivo a Controladoria Geral da União (CGU), como órgão assessor do legislativo, tem os Tribunais de Contas e o Tribunal de Contas da União (TCU), tem o Ministério Público (MP). Todas essas são instituições têm- se equipado, melhorado suas condições de trabalho e de operação. A simples existência de computadores, de sistemas informatizados de registo de informações facilita enormemente esse controle. Tudo indica que temos tido uma maior eficácia de detecção de ilicitudes no sector público. Tanto é que, com frequência, quando a imprensa traz uma denúncia com frequência a fonte é MP, CGU ou o TCU,” explica Reis.

Bruno Reis lembra, ainda, que o tema corrupção ganha muito os holofotes no Brasil e no mundo e pode virar marcar do governo Dilma ou arma da oposição em outros momentos. No entanto, outra área vai determinar o sucesso ou o fracasso do governo ou da oposição no Brasil nas próximas eleições presidenciais. “No fim das contas, muito mais do que corrupção é a maneira como lidou com ela, a coisa que tem impacto mais forte sobre eleição é economia. Se a economia vai bem, a situação é fortemente favorecida, se a economia patina, a oposição leva vantagem. E daqui a 2014 as incógnitas são muito grandes, com essa situação na Europa ninguém pode colocar a mão no fogo para sabe no que isso vai dar,” concluiu.

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