Cabinda: Boma acusa facção de Nzita de enganar o povo
Chefe militar separatista nega encontro secreto com autoridades angolanas
Sobe de tom o diferendo entre a FLEC, em Cabinda, e os dirigentes do movimento, na Europa. O general Estanislau Boma, desmentiu que tivesse realizado uma reunião secreta com representantes do governo de Angola para negociar a rendição da Frente de Libertação do Estado de Cabinda. Numa entrevista à VOA, Boma disse ainda que Nzita Tiago está rodeado de pessoas, em Paris, que o fazem perder prestígio em Cabinda.
Esta semana, numa entrevista à VOA, o secretário-geral da FLEC, Joel Batilla (leal a Nzita Tiago), acusou Alexandre Tati e Estanislau Boma de realizarem uma reunião secreta com representantes do governo de Angola em que concordaram com a transformação da FLEC num partido angolano… e com a integração dos rebeldes separatistas nas forças armadas angolanas.
À VOA, o general Estanislau Boma, desmentiu que essa reunião se tivesse realizado, afirmando: “Eu não participei em nenhuma reunião com as autoridades angolanas”.
Boma acrescentou que Batilla não tem qualquer credibilidade nem legitimidade, pois foi demitido.
Num comunicado de Junho passado, Alexandre Tati, vice-presidente da FLEC, e Estanislau Boma, chefe do Estado Maior, anunciaram a destituição de todos os orgãos da FLEC e a intenção de realizar um Congresso para eleição de novos dirigentes.
Foram por sua vez exonerados das suas funções numa reunião realizada em Paris, pela facção leal a Nzita Tiago, mas não aceitaram essas decisões.
Boma acusou os que estão na Europa, e nomeadamente Batilla de tentarem enganar o povo de Cabinda… e destruirem a reputação de Nzita Tiago a quem diz continuar a respeitar.
“Não vamos ceder a quem quer que seja, elemento da Europa, que venha sabotar o sacrifício do combatente que já vem lutando há 30 e tal anos”, declarou Estanislau Boma.
Com palavras que reflectem o alargamento do fosso entre a FLEC em Cabinda e na Europa, Boma adiantou que “o povo está a controlar e sabe quem está a falar a verdade e quem está a enganar o povo”, referindo-se a Batilla e à acusação deste de reuniões secretas com governantes angolanos. “O povo está em Cabinda e não está na Europa”.
Diz, por outro lado, que os caprichos, o comportamento e “essas brincadeiras” das pessoas leais “ao velho presidente Nzita” fazem com que “vá acabar todo esse respeito e toda a dignidade que ele deveria merecer perante o povo e perante os combatentes”.
Ouça excertos da entrevista com Estanislau Boma