Somália: Adiada abertura de Assembleia Constituinte
Uma assembleia constituinte destinada a escolher os membros do próximo parlamento da Somália não será convocada na data prevista, devido a preocupações de chefes de clãs sobre o projecto de constituição do país.
Uma Assembleia Nacional Constituinte com 825 membros representando uma vasta gama de facções políticas somalis estava prevista reunir hoje em Mogadíscio para iniciar a selecção dos deputados do parlamento da Somália.
Mas um conselho de chefes de clãs responsáveis por seleccionar os membros da assembleia constituinte recusou divulgar os seus nomes.
Mohamed Hassan Haad, o presidente do referido conselho, disse à Voz da América que isso é uma forma dos chefes de clãs exercerem mais influência sobre o processo de transição:
“Presentemente temos todos os nomes”, disse, “mas os chefes dizem que se apresentarem os nomes, tudo ficará nas mãos do parlamento e nada restará para eles discutirem e serem consultados.”
Haad afirmou que os chefes estão particularmente preocupados sobre um projecto de constituição, elaborado em consulta com as Nações Unidas. Haad disse à Voz da América numa entrevista anterior que os chefes são contrários a artigos que concedem às mulheres o direito de concorreram a altos cargos e que o projecto não especifica uma cidade capital.
De acordo com o processo “Roteiro”, apoiado pelas Nações Unidas, para finalizar a transição política, cabe ao parlamento decidir se aprova a constituição, não aos chefes de clãs.
Haad disse que os chefes estão a receber sinais confusos das Nações Unidas e de outros signatários do Roteiro:
“Eles dizem que os chefes têm o importante papel de melhor seleccionar as pessoas para o próximo governo”, disse. “Por outro lado dizem que não estamos a fazer o que era suposto fazermos. Não vemos o nosso papel da maneira como eles vêm.”
Uma fonte diplomática familiar com as discussões disse à Voz da América que a assembleia constituinte vai ser provavelmente adiada até 22 ou 23 de Julho.
A fonte disse ainda que uma vez formado o parlamento, a transição deve ficar completada a tempo, enfatizando que todos os partidos estão ainda confiantes sobre o prazo limite de 20 de Agosto para os deputados elegerem um presidente da República.