Os primórdios do SIDA em África
Não existe outra região do mundo, como no continente Africano, onde existem mais pessoas vivendo com a doença, ou que tenha sido a zona do globo onde maior de pessoas tenha morrido da doença.
Apesar de ter sido o epicentro da doença, passaram vários anos para que existisse consciência da sua existência, e ainda muitos mais anos, para que estivessem disponíveis medicamentos a um preço suportável.
Nos primórdios do SIDA em África, não existia sequer nome para a doença. Em muitos locais era denominado da “doença que emagrece”, pois as pessoas perdiam peso antes de morrer.
O HIV não matava, em grande numero, os mais jovens ou os mais idosos, mas dizimava os professores, os agricultores, as mães e os pais – pessoas no primado da vida.
Estigma, discriminação e superstição eram a dominante. A ignorância sobre o HIV contribuía para a morte – uma ignorância que ia até aos mais elevados níveis dos governos.
Dezenas de milhões de pessoas morreram em África de SIDA.
Embora a pesquisa para o tratamento e eventualmente uma vacina tivesse sido iniciada nos Estados Unidos e noutras regiões do mundo, os Africanos da região subsaariana foram deixados à sua sorte para ajudar a manter vivos os amigos e a família.
O doutor Thomas Frieden é director dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças aqui nos Estados Unidos.
“No auge da epidemia de SIDA em África, o HIV era responsável por dois terços das mortes dos adultos. Imagine o que seria a sua aldeia, ou comunidade? Existiam comunidades onde o único negócio que aumentava era o das agências funerárias”.
O cidadão normal deparou-se na linha da frente da epidemia do HIV/SIDA, tornando-se em dirigentes e activistas.
Um destes activistas foi Noerine Kaleeba, uma Ugandesa e talvez uma campeã africana mais conhecida pelo apoio prestado.
Ela começou a ver prova da doença enquanto trabalhava em 1983 como terapista num hospital.
Como reconheceu na altura, tratava-se de uma virose que se espalhava em particular pelos trabalhadores do sexo.
Estava-se então em 1986 e subitamente Kaleeba e a família foram lançadas para meio da epidemia. O marido Christopher, foi diagnosticado nos últimos estágios da doença quando estudava na Inglaterra.
Kaleeba ouviu que a SIDA estava igualmente associada aos homossexuais de São Francisco, mas Christopher nunca tinha estado naquela cidade.
Ela fundou a primeira NGO do Uganda a lidar com a SIDA. Começou como um grupo de apoio para a sua família e outras pessoas afectadas pela SIDA.
“Rezámos juntos, chorámos juntos, aprendemos com cada uma como se pode viver, especialmente viver com o estigma”.
No ano 2000, a África do Sul tornou-se no primeiro país em desenvolvimento a organizar uma Conferencia Internacional do SIDA.
Talvez a maior controvérsia foi provocada pelo então presidente Thabo Mbeki que se recusou aceitar que um vírus fosse a única causa do SIDA.
Muitos cientistas assinaram a Declaração de Durban apelando a aceitar as provas.
“Pareceu-me que não podíamos responsabilizar tudo a único vírus. Parecia igualmente que qualquer Africano de boa ou saúde deficiente, era presa de muitos inimigos da saúde que interagem de muitas formas no nosso corpo”.
Muitos activistas e cientistas sustentam que a posição de Mbeki atrasou a criação de serviços e tratamentos vitais – uma demora que terá custado muitas vidas.
O acesso a drogas anti retrovirais de custo suportável cresceu em África em grande parte devido ao PEPFAR – o Plano de Emergência contra o SIDA, o Fundo Global de Combate ao SIDA, a Tuberculose e a Malária, e ainda pela Fundaçao Clinton.
Na África do Sul foi uma luta legal árdua que abriu as portas ao tratamento.
Em 2001, cerca de 40 empresas farmacêuticas puseram fim à contestação da legislação que permitiu a venda de versões de medicamentos mais baratos.
O caso levou a um plano de tratamento no país com os maiores índices de HIV em qualquer nação do mundo.