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Nigéria: Segurança aérea em África de novo em foco


A regulamentação e inspecção de aviões e de companhias aéreas continua a constituir um desafio.

Depois dos dois acidentes do fim-de-semana a segurança aérea nalgumas regiões de África voltou a estar em foco.

A regulamentação e inspecção de aviões e de companhias aéreas continua a constituir um desafio em grande número de países da África subsaariana.

A tripulação do voo 9J-922 da “Dana Air” ainda teve tempo para enviar um S.O.S. depois de detectar uma avaria nos motores. Mas, poucos minutos depois, o avião despenhava-se num populoso bairro de Lagos. As 153 pessoas que seguiam a bordo morreram á semelhança de muitas outras que se encontravam no solo.

O acidente verificou-se menos de 24 horas depois de um avião cargueiro nigeriano ter falhado a aterragem em Accra no Gana chocando com um autocarro causando a morte de 10 pessoas.

Entre 2001 e 2010, a África foi o continente com menos voos comerciais mas registou um índice de acidentes 4 a 5 vezes maior do que qualquer outro.

Peritos em aviação afirmam que as regiões central e ocidental da África são os locais mais perigosos para andar de avião.

O presidente da Fundação para a Segurança Aérea com sede aqui em Washington, William Voss, trabalhou durante muito tempo na África Ocidental: “Frequentemente, as autoridades encarregadas de supervisionar a aviação têm muito pouca autoridade, não têm pessoal suficiente e são muitas vezes ultrapassados pelos políticos. E a política está metida em muitas questões. Temos operadores com influência intercedendo junto de políticos. Isso foi algo que foi corrigido na Nigéria.”

De acordo com Voss e outros peritos, a Nigéria foi um modelo de reformas desde 2006. Uma série de desastres num período de 2 anos incluindo o de Port Harcourt que matou 107 pessoas foi um ponto de viragem.

A Nigéria recuperou as suas infra-estruturas e aprovou a lei da aviação civil que criou um mecanismo de regulamentação relativamente autónomo.

Duas companhias aéreas nigerianas, a “Arik Air” e a “Air Nigeria”, têm desde então sido membros da prestigiada Associação Internacional de Transportes Aéreos, IATA, o que quer dizer que passaram inspecções extremamente rigorosas.

Em 2010, os Estados Unidos conferiram à Nigéria uma elevada classificação de segurança permitindo que as companhias domésticas voassem para os Estados Unidos.

As transportadoras precisam dessa certificação para poderem aceder ao lucrativo mercado internacional.

O director da Fundação AviAssist com sede em Londres, Tom Kok, afirma que a Nigéria é um dos 10 países africanos que se enquadram nos padrões internacionais minimamente aceites: “ Este infeliz acidente na Nigéria pode levar à conclusão de que as coisas não estão bem organizadas na Nigéria. Mas é importante salientar que também em países com uma segurança aérea impecável como a Austrália, o Canadá ou os Estados Unidos, os acidentes infelizmente ainda acontecem.”

Kok disse ainda que em 2011 a África registou um mínimo de acidentes de aviação. Mas, o problema continua longe de estar resolvido.
Países africanos tais como o Congo Kinshasa e o Benin continuam a constar da lista negra da União Europeia e os seus aviões são impedidos de voar para o continente.

Entretanto prosseguem as investigações ao sucedido ao avião da “Dana Air” que se despenhou no domingo em Lagos. O aparelho, um Boeing MD-83 foi adquirido a uma companhia americana. Aquele modelo está a ser posto de lado nos Estados Unidos devido ao seu elevado consumo.

É bastante comum em África as companhias aéreas adquirirem aviões em segunda mão a países mais desenvolvidos. Segundo os peritos, esses aparelhos poem voar ainda durante muitos anos desde que sejam devidamente mantidos.

Contudo em África muitas companhias tentando obter maiores lucros podem esquecer a manutenção e muitas vezes os governos não têm inspectores suficientes para garantir que os aviões fizeram as revisões necessárias.

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