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Armadores alertam que arastões ameaçam futuro da pesca em Angola


Pesca desregrada baixou capturas em 450 mil toneladas por ano
Pesca desregrada baixou capturas em 450 mil toneladas por ano

Num alerta dirigido ao Ministério das Pescas e do Mar, armadores angolanos criticam o aumento da frota de embarcações que praticam o arrasto, a arte associada à redução dos índices de captura em 450 mil toneladas por ano.

Ao recordar que a disponibilidade anual era de 750 mil toneladas na década de 1990, a Associação de Pescas na província de Benguela, um dos maiores pólos do país, exige medidas de protecção dos recursos, à semelhança de outros países.

Crise nas reservas de pescado em Benguela - 2:02
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O presidente da organização, Arnaldo Vasconcelos, sublinha que a escassez do momento, na base da redução para 300 mil toneladas por ano, é reflexo da sobrepesca praticada nas últimas décadas.

‘’A nossa biomassa permitia capturar na ordem das 750 mil toneladas por ano, isto na década de 1990. Quer dizer que o declínio é muito acentuado, por isso precisamos de medidas estruturais para salvaguardar o futuro, que passam pelo não licenciamento de barcos de grande porte. Estou a falar particularmente dos arrastos, a arte depravadora dos nossos recursos pesqueiros’’, alerta Vasconcelos

Em relação à crise dos últimos nove meses, justificada pelas autoridades com factores climatéricos e falta de oxigénio na costa, o armador Álvaro Eugénio não questiona, mas associa a pesca por excesso ao desaparecimento do carapau.

‘’A sardinha … penso que alguma ausência da nossa costa tem que ver com estas mudanças do clima. Já o carapau, é sabido e do domínio público que temos tido problemas, tanto que houve importação. Essa ausência, sim, talvez tenha sido a sobrepesca’’, refere o empresário.

A Associação de Pescas de Benguela de Benguela apresentou, recentemente, inquietações ao governador provincial, Rui Falcão, que sugeriu um debate com a nova titular da pasta, Maria Antonieta Batista.

Ainda assim, Falcão fez recurso ao passado.

‘’Eu fui das primeiras pessoas nesse país que se manifestou contra os arrastões, fi-lo publicamente, não mandei recados por ninguém. Mas as associações provinciais de pesca protegiam esse negócio, alguns tinham interesse, pelo que deram azo a que estes barcos fossem contratados’’, aponta Falcão.

Numa demonstração do aumento da frota dos arrastões, três companhias chinesas, representando um investimento superior a 50 milhões de dólares, entraram em funcionamento, em finais de 2018, na Caota, província de Benguela.

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