Onze meses depois de se ter refugiado na sede das Nações Unidas, em Bissau, “por razões de segurança”, o antigo primeiro-ministro, Aristides Gomes, deixa o país nesta sexta-feira, 12, com destino a Dakar, capital senegalesa, por razōes de saúde, segundo avançam as autoridades guineenses.
O acordo para a saída foi negociado entre a Representação da ONU em Bissau e o Ministério Público, tendo como base a necessidade de Gomes ter acesso a tratamento médico.
Ontem, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, da Cooperação Internacional e das Comunidades anunciou a possibilidade de o antigo primeiro-ministro deixar o país para tratamento médico no estrangeiro.
“Por motivos de saúde deverá deslocar-se ao estrangeiro com carácter de urgência, razão pela qual, assim que a Procuradoria Geral da República o autorizar mediante despacho, poderá sair do país para tratamento médico”, lê-se no comunicado, que acrescentou ainda que as diligências diplomáticas foram “facilitadas” pelo Presidente da República e ocorreram no “estrito respeito pelo princípio de separação de poderes e de interdependência dos órgãos da soberania”.
Refugiado desde 2020
O antigo primeiro-ministro foi afastado do cargo a 28 de Fevereiro de 2020, um dia depois de Úmaro Sissocó Embaló ter assumido a Presidência, mesmo antes da conclusão do processo eleitoral.
Dias depois Aristides Gomes denunciou um cerco pelas forças de segurança à sua casa e mais tarde refugiou-se na sede da representação da ONU em Bissau.
Recorde-se que o Procurador-Geral da República, Fernando Gomes, informou no passado a existência de três processos-crimes contra o antigo Chefe do Governo.
Em conferência de imprensa a 30 de Outubro, Gomes confirmou que ele é acusado de ter cometido crime económico, peculato e de ter responsabilidades no desaparecimento de 674 kg de drogas dos cofres de Estado em 2007.