A associação que representa cerca de 1.700 antigos trabalhadores angolanos na antiga República Democrática Alemã (RDA) e que reivindica o pagamento de salários em atraso e indemnizações por parte do Governo nega a conclusão do processo anunciado recentemente pelo advogado do grupo e pelo Ministério da Administração Pública, Trabalho E Segurança Social (MAPTSS).
Os associados acusam o advogado Sérgio Raimundo de se aliar ao Ministério para não pagar o dinheiro a que têm direito depois de 28 anos.
Raimundo responde que a acusação é de apenas meia dúzia de pessoas que não trabalham e que querem viver da especulação deste assunto.
O responsável de Comunicação e Imagem da Associação dos Ex-Trabalhadores na Extinta RDA, Domingos Francisco, afirma que Raimundo virou-se contra os trabalhadores “por ter visto que está em jogo muito dinheiro”.
Ela acrescenta que a “decisão do tribunal não sai por causa da influência desse advogado”.
Por seu lado, Sérgio Raimundo, sem gravar entrevista, atribuiu, em conversa com a VOA, as críticas a meia dúzia de pessoas que não trabalham e que querem se aproveitar da imprensa, e disse que receberam a compensação e que foram inseridos no regime especial da segurança social sem qualquer contribuição.
Ainda assim, Domingos Francisco apela à intervenção do Presidente da Republica porqu,e segundo ele, dos 1.676 ex-trabalhaores, apenas 20 recebem cerca de 200 mil kwanzas mensis, enquanto o restante aufere apenas 45 mil kwanzas.
“Apelamos ao Presidente da Republica que intervenha junto do Procurador Geral da Republica para velar pelo nosso caso”, sublinhou.
Sérgio Raimundo considerou que este é um assunto encerrado e que a Ordem dos Advogados de Angola teve acesso ao acordo e confirmou que o que se conseguiu ultrapassa aquilo que a lei concede aos trabalhadores.
Recorde-se que na década de 1980, à luz de um acordo de cooperação entre o Governo de Angola e da extinta RDA, com o objectivo de receber formação profissional em diversas áreas, trabalhadores angolanos partiram para aquele país, tendo também trabalhado e transferido para Angola parte do seu salário mensal.
Entretanto, nunca receberam o dinheiro transferido.
Em 2011, após entendimento com o Governo, chegou a ser previsto o pagamento de 300 milhões de dólares de salários e outras compensações em atraso, relativos a 19 anos de trabalho.