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Angola: Produtos nacionais "perdem" para produtos importados


Produtos lácteos, Kwanza Sul, Angola
Produtos lácteos, Kwanza Sul, Angola

Comerciantes apontam "qualidade dos produtos maioritariamente importados" para justificar preferência

Empresários, economistas e comerciantes apontam como principais causas da recusa dos produtos produzidos em Angola os preços e a qualidade, as marcas já reconhecidas no mercado internacional e o fato de muitos importadores terem já os seus parceiros tradicionais.

O ministro de Estado angolano para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, lamentou recentemente que investidores grossistas se tenham recusado a adquirir produtos feitos em Angola.

Angolanos: Produtos nacionais"perdem" para produtos importantes
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Ao falar à imprensa, aquele governante admitiu que, como consequência, alguns produtores nacionais encontram dificuldades na colocação dos seus produtos nos centros comerciais, onde há uma forte concorrência de produtos importados.

Massano anunciou que “o Ministério da Indústria e Comércio e o Ministério da Economia e Planeamento vão reunir-se com os principais produtores de bens alimentares nessa condição para tentarmos aproximá-los”.

O economista Carlos Padre diz que “um produto que seja produzido localmente mesmo que tenha bom preço a qualidade muito dificilmente se consegue colocar lá fora, mesmo que tenha bom preço e qualidade, porque já existem canais de distribuição onde normalmente as cadeias estão interligadas desde o produtor até à intermediação onde eles negociam determinadas margens de descontos”.

Ele esclareceu que existem já circuitos internacionais de distribuição onde produtos com marcas novas ou desconhecidas “ têm dificuldades de penetrar”.

Por sua vez, o empresário e presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) José Severino defende que a produção nacional também precisa de incorporar insumos nacionais em substituição de matérias-primas importadas visando tornar mais baratos os produtos produzidos em Angola.

“Os grandes distribuidores e importadores de bens acabados, infelizmente nós, o setor produtivo, particularmente a indústria, ainda vamos buscar a maior parte dos seus insumos ao exterior”, reconhece.

Severino considera que algumas empresas industriais têm de ser pressionadas a ter em atenção que temos que investir no país para o aumento da sua própria competitividade “porque temos amplos recursos para isso”.

Entretanto, pequenos comerciantes e lojistas ouvidos pela Voz da América divergem quanto às preferências dos seus clientes, mas consideram a qualidade e os preços como a base das escolhas, em meio ao aumento exponencial dos preços dos produtos de maior consumo no país.

Felisberto Gouveia diz que, à excepção do óleo alimentar, os seus clientes preferem produtos importados, como o arroz e a fuba milho, independentemente do preço e da qualidade.

Já Emanuel Jorge Kiala entende que a preferência dos seus clientes reside na qualidade dos produtos maioritariamente importados.

“O dólar subiu e preferimos vender os produtos de Angola”, afirma Wedrago Amadou, vendedor de produtos cosméticos, que diz que os nacionais são os que têm mais saída por serem mais baratos.

Nas suas declarações à imprensa, o ministro de Estado para a Coordenação Económica assegurou, no entanto, que o compromisso do Executivo angolano com a produção nacional é firme por entender ser necessário proteger quem produz no país, sendo ou não um investidor ou uma empresa de capital angolano.

“É aí que vamos ter mais emprego, melhor condição de vida, autonomia como país, maior segurança e vamos continuar a tomar medidas, algumas difíceis mas necessárias, para fazermos um país melhor para todos”, disse José de Lima Massano realçou que o Executivo decidiu não permitir que Documentos Únicos com mais de 120 dias continuassem a ser utilizados para importação, no segmento de bens alimentares para proteger a produção nacional.

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