Antigos combatentes na província angolana da Huíla dizem estar a passar a pior fase das suas vidas por conta das dificuldades de sobrevivência que estão a enfrentar.
O subsídio mensal máximo de 23 mil kwanzas, tido em si como de miséria e agora agravado com a desvalorização da moeda, leva os antigos militares a apelarem ao executivo a mudar o cenário.
Com 21 mil kwanzas que recebe por mês, Francisco Araújo, olha para o actual custo de vida para descrever um quadro de penúria.
“ Então se o que ganha cem mil kwanzas neste momento lamenta o que é que vamos fazer com 21 mil kwanzas? Quanto está a caixa de óleo? Quanto é que está o saco de arroz? É falta de vontade do executivo os que governam esse país não têm vontade e eles deviam rever”, disse.
Com o presente hipotecado, Silvestre Martins, outro antigo combatente, vê o futuro também ameaçado, já que não consegue pagar a formação dos filhos.
Silvestre Martins questiona o papel do parlamento que, segundo ele nada, faz em favor dos antigos combatentes.
“Num país deste que é rico em recursos minerais, em recursos florestais rico em quase tudo mas a gente não vê nada o porquê que a gente combateu não sabemos. Se tivéssemos um parlamento capaz diria que estes homens que defenderam a pátria merecem o seu direito. Não temos nenhum deputado no nosso país que defende o nosso direito, não temos”, disse.
O presidente do Fórum Independente dos Desmobilizados de Guerra em Angola, (FIDEGA), Nunes Manuel, diz que a organização tem tomado várias iniciativas para alertar o governo sobre o estado de humilhação e indigência que vivem os associados.
Nunes Manuel adverte que o FIDEGA está a ponderar levar os clamores à rua através de protestos.
“Os antigos combatentes são os mais marginalizados, desprezados com direitos adiados. Se desenvolve um sentimento de necessidade de união de todos nós que andamos ligados à luta de libertação nacional pela independência e pela integridade territorial de modo que possamos protestar nas ruas para mostrar à sociedade que realmente vivemos nesta situação”, afirmou.
O ministro da Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos, disse recentemente no parlamento em sede da discussão do OGE 2024, na especialidade, estar na fase final o projeto de lei de proteção social dos antigos combatentes.
Relativamente às pensões, João Ernesto dos Santos disse estar em marcha a revisão do actual subsídio.
“Estamos a trabalhar com outro departamento ministerial para criar as condições que nos permitam propor ao executivo a revisão do subsídio dos nossos assistidos. Creio que até ao final do ano 2023 poderemos apresentar ao Titular do Poder Executivo uma proposta sobre esta matéria”, afirmou.
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