Observadores eleitorais estão a prever uma corrida renhida entre o partido governante de Angola e a oposição, enquanto os eleitores se preparam para as eleições nacionais de quarta-feira, 24. O partido com mais legisladores irá então nomear um presidente. Concorrem sete partidos políticos e uma coligação .
WASHINGTON - Paulo Inglês, na Universidade Jean Piaget de Angola, disse à VOA que a renovação da liderança da oposição da UNITA pode dar ao partido maior possibilidade nas urnas na quarta-feira, 24 de Agosto.
"Neste momento, há uma forte competição entre [o titular] João Lourenço e Adalberto Costa Júnior (líder da oposição União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA)", afirma Inglês.
Ele prevê que "esta é a primeira vez que vemos a possibilidade de a oposição poder ganhar as eleições. Isto nunca aconteceu antes porque o MPLA tem sido muito forte com José Eduardo dos Santos (ex-presidente de Angola entre 1979 e 2017)''.
Quanto ao aparente aumento da UNITA desta vez, Inglês observou que ''quando João Lourenço assumiu a Presidência, havia esperança de que ele introduziria uma transformação política com consequências na economia e na vida quotidiana dos angolanos'', no entanto, "as pessoas não viram esta mudança após os 5 anos de Governo do Presidente em exercício, e por isso as pessoas querem tentar outra liderança política''.
Gonçalo Ribeiro Telles é um analista político que observou as eleições angolanas em 2008 e desde então tem seguido a sua política interna.
Ele afirma na conversa com a VOA de Lisboa que "embora haja sinais de que será uma corrida renhida, penso que eles (a oposição) irão certamente obter os seus melhores resultados desde 1975".
"A UNITA promete um Estado inclusivo e uma abordagem mais jovem, enquanto João Lourenço lidera um partido muito dividido [MPLA] com algumas das suas figuras-chave fora de vista, e isto pode ser uma mudança de jogo na liderança até às eleições", diz ele.
O analista política Inglês exorta a comunidade internacional e as partes interessadas a manterem-se atentas às urnas.
IEle considera que a reacção dos incumbentes a uma possível perda não é conhecida, mas a segurança está preparada para manter a ordem.
"O MPLA governa o país há quase meio século, desde 1975, e tem ganho eleições de forla massiva desde 1992", aponta ele.
"Assim, as pessoas estão preocupadas com a forma como o partido poderia reagir se perdesse o poder, há medo nos jovens, na sociedade civil e na oposição que acreditam ser favorecidos para ganhar", Paulo Inglês Paulo Inglês, acrescentando que "ouvimos os generais do exército falar da sua preparação para salvaguardar a segurança".