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Angola: Luta pela auto-suficiência alimentar, o desafio da próxima legislatura, mas faltam ideias


Campo agrícola, Angola
Campo agrícola, Angola

Agentes do sector produtivo descortinam vazio em termos de ideias para uma economia ao serviço da auto-suficiência alimentar

A luta pela auto-suficiência alimentar nos próximos cinco anos em Angola, mediante uma economia robusta, é um desafio recorrente em discursos dos candidatos às eleições de 24 de Agosto, mas há quem fale em vazio quanto ao caminho a seguir para um aproveitamento sustentável da alta do petróleo, o principal produto de exportação.

A estratégia actual, segundo especialistas, continua a sufocar as divisas, quando o ideal seria investir na base, o solo angolano, uma vez que a indústria da transformação é muito dependente das importações.

A auto-suficiência alimentar, um objectivo que tem em conta o facto de a pobreza extrema afectar mais de metade dos angolanos, segundo estudos independentes, é transversal nos programas de governo dos oito concorrentes.

Os últimos momentos da legislatura a fechar apontam para um preço médio de 100 dólares o barril de petróleo, bem acima do referencial do Orçamento Geral do Estado (OGE) em vigor.

O problema, segundo o economista Edgar Oseias, é que faltam ideias para um aproveitamento sustentável do produto que movimenta a economia nacional.

“Não se está a canalizar esses recursos o suficiente para fomentar a agricultura, estamos a preferir trazer para transformar. Os financiamentos são para maquinarias de empresas, isto para transformar produtos cuja matéria-prima é importada”, aponta Oseias.

“Estamos a falar de bolachas, que agora são feitas aqui, massas, arroz, isso tudo … apenas é importado aqui”, acrescenta aquele economista.

Desta forma, acrescenta Oseias, também operador económico do ramo dos transportes, não há reservas internacionais que suportem tanto.

“A base para se fazer isso continua a sufocar as nossas divisas, que são ganhas com as vantagens a nível do petróleo. Temos uma série de situações que merecem a nossa atenção”, sustenta.

Exemplos do que seria melhor chegam com o economista e consultor empresarial Janísio Salomão, quem diz seguir uma campanha com poucas ideias no campo económico e duvida que a “auto-suficiência seja alcançada em cinco anos”.

O Executivo de João Lourenço sai deste mandato com 2,2 mil milhões de kwanzas aprovados para investir na produção de grãos, como arroz, trigo, soja e milho, para fazer face aos efeitos da guerra na Ucrânia.

Mário Caetano João, ministro da Economia e Planeamento cessante, garantiu, pouco antes do início da campanha eleitoral, que os empresários devem recorrer a empréstimos no Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) .

“Temos 1.1 milhões para infra-estruturas, já que precisamos delimitar espaços, e o mesmo valor para carregarmos o BDA, no sentido de repassar este crédito para os produtores”, anunciou o ministro na altura.

Pedro Ñgala, membro da Federação Nacional dos Criadores de Gado, louva a iniciativa fazendo recurso às consequências da seca no país

“Como sabem, o nosso gado vive do pasto natural, mas também recorremos a reservas de feno (capim) , pelo que tem sido muito difícil”, recorda Ñgala.

A criação de animais é uma das fontes da cesta básica, que regista aumentos de preços em alguns produtos, com realce para o arroz, açúcar e o frango.

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