O padre Gaudêncio Felix Yakuleinge disse que não desistirá de denunciar abusos de poder na província do Cunene apesar de ter sido ameaçado por indivíduos desconhecidos.
Yakuleinge lidera a recentemente fundada Associação Ame Naame Omunu (ANO) que na língua ovawambo significa “eu também sou pessoa” e que tem como objectivo defender os direitos da população no Kunene.
O pároco falava no programa “Angola Fala Só” no qual voltou a criticar discursos do governador Kundi Paihama que, segunel por seu turno se foi queixar ao Bispo de declarações anteriores do padre Gaudêncio Yakuleinge.
Recentemente, o padre veio a público denunciar a actuação do governador a quem acusa de estar a criar um ambiente de medo na província.
“Tem havido uma tentativa de intimidação da parte do nosso governador”, disse o padre que fez referência a declarações de Paihama “durante reuniões que passam na rádio provincial”.
Depois de referir que o governador se tinha queixado no arcebispado das suas denúncias, o padre Yakuleinge afirmou estar a ser ameaçado “de perder a minha integridade física”.
“Mas eu repito isto porque nós sentimos isso em carne e osso: os seus discursos são chocantes, são violentos”, sublinhou.
O governador teria afirmado ao bispo que o padre Yakuleinge está “ a chocar com a sua reputação”.
“Ele está preocupado com a sua reputação mas não está preocupado com a boa reputação e honra daqueles directores, daquelas pessoas e administradores de que ele fala publicamente”, continuou em referência a discursos do governador criticando aqueles responsáveis.
“Nós não estamos mais em guerra para dizer “sim chefe, sim chefe”, nós somos pessoas livres, num país livre e temos direito a nos exprimirmos nesta ou naquela rádio e temos o direito a reclamars”, afirmouo padre, acrescentando ainda estar a “dar a cara” por aqueles que têm medo de reclamar e disse que não calará a sua voz.
O governador do Cunene, segundo ele, em vez de criar a unidade “está a criar o pânico”.
Durante o programa, o padre disse ser um optimista e acredita que os angolanos “são capazes de dar a volta à actual situação”.
Ele apelou a que no período de campanha eleitoral os partidos apresentem os seus programas de governação e o façam também em línguas locais para que os eleitores posam ter um decisão informada.
Depois de afirmar que as pessoas “dificilmente saem dos seus hábitos”, o pároco considerou que o país “precisa de mudança” e que essa mudança pode vir de qualquer partido, “do MPLA, da UNITA ou de qualquer outro”.
O padre Yakuleinge fez notar que “ninguém é perfeito e nenhum partido é perfeito” e que apesar de todas as insuficiências o actual governo “tem também muitas coisas boas”.
Contudo, disse “os direitos humanos não estão a ser respeitados como deveriam ser”, para acrescentar numa visão optimista que “o Governo é composto por seres humanos e muitos são sensíveis à dignidade humana”
O padre é o director executivo da associação Ame Naame Omunu (ANO) que na língua ovawambo significa “eu também sou pessoa” e que tem como objectivo defender os direitos da população no Kunene.
Interrogado sobre a participação da Igreja Católica em actos do Governo o padre Yakuleinge respondeu que “nós somos pastores de todos, independentemente da sua política”.
“A nossa participação não é ideológica é evangelizadora”, concluiu o convidado da VOA.
teste