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Angola Fala Só - André Augusto: "Zango:Versão policial é pura mentira "


Dancers in traditional ethnic clothing perform at a temple fair at Longtan Park in Beijing, China. Chinese people are celebrating the second day of the Lunar New Year, the Year of the Pig on the Chinese zodiac.
Dancers in traditional ethnic clothing perform at a temple fair at Longtan Park in Beijing, China. Chinese people are celebrating the second day of the Lunar New Year, the Year of the Pig on the Chinese zodiac.

Brutalidade das autoridades cria um clima de medo, diz André Augusto.

12 Ago 2016 AFS André Augusto - Zango: "Versão policial é pura mentira"
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É “pura mentira” que tenha havido uma troca de tiros entre a população e forças de segurança durante as demolições no Zango, disse o vice- coordenador da SOS Habitat, André Augusto.

Falando numa edição bastante concorrida do “Angola Fala Só”, Augusto comentava declarações do Posto de Comando Unificado Permanente, o coronel Silvano Ndongua, que disse à VOA não saber quem é responsável pela morte do adolescente Rufino António, uma vez que houve troca de tiros no local.

O vice-coordenador da SOS Habitat disse que essa declaração, bem como uma do Estado Maior General das Forças Armadas de que duas armas de fogo foram encontradas no local, são parte de uma “campanha de desinformação” e “pura mentira”.

“Este governo já nos habituou a esse tipo de mentiras”, disse Augusto.

“Não houve nenhuma força que trocou tiros com o governo, não houve nenhuma UNITA no local (...) pura e simplesmente” as pessoas saíram à rua para conversar com os militares procurar saber a razão da demolição das suas casas.

E “pura e simplesmente foram respondidos com disparos de armas de fogo e nesse momento o jovem Rufino foi atingido na nuca, pois estava a caminhar (...) a fugir da tropa e a tropa atingiu-o pelas costas”, disse.

Este dirigente disse que a sua organização já tinha “encontrado” um advogado para levar o caso a tribunal.

“Nós temos a obrigação de levar isto a tribunal”, disse

André Augusto disse que aproximadamente três mil famílias perderam as suas habitações.

Grande parte das habitações destruídas encontravam-se no local antes da área ter sido delineada como parte de um plano de desenvolvimento do governo angolano, disse ele.

Prova disso, explicou, são as arvores lá plantadas, como cajueiros e mangueiras que já atingiram maturidade, algumas árvores com 30 anos.

“Era obrigação do Estado tratar com as pessoas que estão em zonas que foram definidas com zonas fundiárias do estado e dar-lhes alguma alternativa”, disse

O vice-coordenador da SOS Habitat referiu-se em termos gerais ao problema da habitação e construção em Angola afirmando que no país entre 85% e 90% das habitações não são legais.

As administrações municipais por seu turno mostram-se incompetentes para lidar com o enorme número de pedidos de legalização.

Numa investigação, disse, a SOS Habitat apurou que algumas administrações só conseguem aprovar 800 a1.000 documentos por ano.

“Num município com quase um milhão de habitantes se se legaliza apenas 800 pedidos, quantas pessoas ficam de fora?”, interrogou.

Respondendo a um ouvinte, Augusto disse que a repetição de actos de brutalidade pelas autoridades está a “criar medo entre os cidadãos".

“Não é que o povo não entenda o que se passa; mas o que se passa é que está com medo de agir contra quem os maltrata por causa do percursos histórico do nosso país”, acrescentou.

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