Há ainda um longo caminho a percorrer para a democracia em Angola, disse o activista Nuno Álvaro Dala.
Ao participar no programa “Angola Fala Só” nesta sexta-feira, 4, o activista, que foi um dos julgados por tentativa de golpe de Estado no chamado processo dos 15+2, disse que não se pode negar as mudanças que se fazem sentir sob a governação de João Lourenço.
A este respeito fez notar uma maior abertura nos órgãos de informação oficiais do Estado e das autoridades estarem a aceitar cada vez mais o direitos à manifestação.
“Há um esforço das autoridades para não cometerem os erros do passado”, disse o activista que afirmou ter ainda “cicatrizes e as dores” dos espancamentos que sofreu durante a governação de José Eduardo dos Santos.
“João Lourenço é para já uma promessa, mas não podemos ainda chamá-lo de um reformador”, sublinhou Nuno Álvaro Dala.
“Não podemos dizer ainda que é um salvador”, acrescentou o activista para quem “o país precisa mais do que reformas”.
“É cedo demais para fazermos celebrações”, avisou
Nuno Álvaro Dala afirmou que, ao contrário de muitos analistas, ele defende que no momento histórico actual o Oresidente João Lourenço deve ter o poder tanto a nível de Estado como do MPLA.
“João Lourenço não teria possibilidades de aplicar metade das suas políticas se não tivesse na presidência do MPLA”, disse, alertando para grupos dentro do partido que devido a interesses económicos "se opõem a qualquer tipo de reforma podendo constituir um perigo para o President"e.
Ao longo do programa, Nuno Álvaro Dala sublinhou por várias vezes a necessidade do envolvimento dos cidadãos angolanos a nível local exigindo transparência e probidade.
“É necessário que os cidadãos não se deixem levar pelo ver, ouvir e calar”, acrescentou, sublinhando no entanto a necessidade de se “criar equilíbrio entre o interesse público e os titulares” do poder local.
“É preciso ajudar os titulares a terem uma administração mais próxima dos cidadãos”, afirmou Nuno Álvaro Dala que revelou que em breve entregará à Procuradoria-Geral da República um relatório que elaborou alegando corrupção por parte do Administrador do Cazenga.
No programa, quando interrogado por um ouvinte sobre a relação com o músico “Brigadeiro 10 Pacotes”, o activista acusou-o de se “deixar corromper”.
O músico disse “perdeu autoridade moral”.